SUVs e picapes elétricos da Ford terão motor a combustão como gerador

A Ford está revisando sua estratégia para elétricos de grande porte nos EUA. O CEO Jim Farley reconheceu que os consumidores ainda resistem ao alto custo de SUVs e picapes 100% elétricos. Como alternativa, a marca aposta nos EREV (Extended Range Electric Vehicle), que utilizam motores elétricos para a propulsão, mas contam com um motor a combustão interna para gerar eletricidade, reduzindo custos e eliminando a ansiedade de autonomia.

O principal obstáculo para a popularização dos SUVs e picapes totalmente elétricos está nos custos elevados das baterias. Esses veículos são pesados, pouco aerodinâmicos e exigem pacotes de baterias grandes e caros para atender às necessidades dos consumidores, que incluem reboque de cargas, percursos off-road e viagens longas. Como resultado, os preços finais são altos. O Chevrolet Silverado EV 2025 parte de aproximadamente US$ 70.000 (R$ 402.000), o Tesla Cybertruck custa a partir de US$ 79.990 (R$ 460.000) e o GMC Sierra EV começa em US$ 92.000 (R$ 530.000). Mesmo com baterias grandes, esses modelos não entregam a eficiência energética esperada.

Além disso, as vendas de picapes elétricas ainda enfrentam desafios. O Ford F-150 Lightning, por exemplo, registrou crescimento ano a ano, mas segue distante dos números das versões a combustão, levando a Ford a ajustar sua produção para adequá-la à demanda. Já o Tesla Cybertruck, após o entusiasmo inicial, começou a perder fôlego nas vendas. 

Diante desse cenário, os modelos com "range extender" surgem como uma alternativa viável. Diferente dos híbridos convencionais, os EREV utilizam exclusivamente motores elétricos para propulsão, enquanto um motor a combustão interna funciona apenas como gerador de eletricidade. Isso permite reduzir o tamanho da bateria, diminuindo custos e peso, além de eliminar a necessidade de carregamentos frequentes em estações de recarga.

Ram 1500 Ramcharger

Os EREV também mantêm várias vantagens dos elétricos puros, como operação silenciosa (quando o motor a combustão não está em uso), aceleração imediata e a possibilidade de pré-aquecimento ou resfriamento da cabine sem emissões. Além disso, o reabastecimento é rápido, podendo ser feito em qualquer posto de gasolina.

O segmento de veículos de autonomia estendida ainda está em desenvolvimento nos Estados Unidos, mas algumas montadoras já apostam nessa tecnologia. O primeiro EREV no país, o Ram 1500 Ramcharger, será lançado ainda em 2024. Já o Scout Terra, da marca pertencente ao Grupo Volkswagen, tem previsão de chegada para 2027.

O mercado de picapes e SUVs de grande porte continua forte nos EUA, mas a indústria ainda busca um equilíbrio entre eletrificação e viabilidade econômica. A Ford vê nos veículos de autonomia estendida uma solução que pode atender tanto às necessidades dos consumidores quanto às exigências de sustentabilidade. O sucesso dessa estratégia, no entanto, dependerá da aceitação do público.