Por mais que a direção nas estradas seja mais perigosa, pois os acidentes são mais graves nesses trechos, são nas cidades onde acontecem o maior número de sinistros. Para se ter uma ideia, em 2024, foram 38.121 acidentes em rodovias federais; 90.505 em estaduais e 424.976 em trechos municipais.
As mortes, por outro lado, têm maior volume nos trechos estaduais, levantando a responsabilidade dos governos locais na melhoria das estradas. No ano passado, 3.103 pessoas morreram em estradas estaduais; 1.756 nas cidades e 637 em trechos federais.
Catão critica a falta de debate sobre segurança viária nas eleições municipais e estaduais. "Você viu segurança no trânsito sendo discutida? Esse assunto não está na pauta dos candidatos. Poucos gestores tratam isso como prioridade, e essa ausência de compromisso reflete nos números", diz.
Para tentar mudar essa realidade, o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), construído pela Senatran, passou por uma revisão em 2023, estabelecendo que estados e municípios precisam definir suas próprias metas de redução. Além disso, o governo está tornando os dados sobre acidentes mais acessíveis, cobrando transparência dos gestores locais.
"Os municípios precisam assumir essa responsabilidade. O problema está na cidade, mas a discussão pública sobre mobilidade ainda prioriza o carro, e não o pedestre ou o ciclista", afirma o secretário.
Radares e fiscalização: um debate politizado
Outro ponto sensível na segurança viária é a fiscalização. Durante o governo Bolsonaro, houve uma drástica redução no número de radares fixos, além da restrição ao uso de dispositivos móveis. Agora, o governo tenta reverter essa política e retomar a fiscalização baseada em critérios técnicos.