Porsche 911 GT3 Touring MANUAL! Como é dirigir o esportivo puro?

há 2 meses 5

Há a (plausível) justificativa que os esportivos com câmbio automático ou automatizado ganham cada vez mais espaço pela velocidade de trocas e sistemas cada vez mais inteligentes. De fato, isso ajuda em tempos de voltas cada vez mais baixos, mas não tem como ignorar o prazer do clássico câmbio manual e embreagem, principalmente em um Porsche.

Na Espanha, tive a oportunidade de dirigir o Porsche 911 GT3 Touring (992.2) com motor 4.0 aspirado e câmbio manual, configuração que é vendida oficialmente pela primeira vez no Brasil - até poderia encomendar antes disso, mas entraria em uma cota bem limitada. Se já achou interessante, está em pré-venda por R$ 1.477.000, além dos opcionais e customizações.

Pela primeira vez, a Porsche apresentou a reestilização do 911 GT3 junto com o GT3 Touring. O 992.2 tem evoluções principalmente para atender rígidas normas de emissões globais e atualizações para atender o ciclo de vida de produto. O motor recebeu comandos de válvulas do GT3 RS, novas borboletas de admissão individuais e retrabalho no cabeçote, que poderiam dar potência extra, mas temos dois filtros e dois catalisadores para..."atrapalhar". 

O resultado é que o belo aspirado que gira 9.000 rpm manteve os 510 cv do antecessor, mas o torque foi de 47,9 kgfm para 45,9 kgfm, o que a Porsche "resolveu" com uma relação de marchas 8% mais curta, seja para o PDK de sete marchas, seja para este manual de 6 marchas. Você não vai reclamar desses 2 kgfm de torque nesta bela máquina?

Porsche 911 GT3 Touring (2025)

Foto de: Porsche

Se você quer saber sobre o GT3 "normal" com o pacote Weissach, com foco maior em pistas, basta ver aqui como ele se comporta. O GT3 Touring é um carro que tem a capacidade do GT3, mas em um pacote mais civil para o uso em estradas, mas sem esquecer que ele pode sim andar forte nas pistas. Sai a grande asa traseira, entra uma retrátil com um efeito aerodinâmico, também importante e mais discreto, junto com melhorias no assoalho. No interior, mesmo os bancos concha, são retráteis e um banco traseiro é opcional, mas não significa que cabe algo muito além de crianças ali.

O acabamento é mais cuidado, com couro e diversas opções de costuras. Mesmo assim, o GT3 Touring mantém o que o GT3 normal tem, como a partida que se manteve com uma "chave", não por botão como nos demais 911 992.2, um botão de fácil acesso para desligar os assistentes de condução e as configurações do painel de instrumentos com foco em pistas - e a opção de tirar o encosto de cabeça do banco para melhor acomodar os ocupantes quando usando capacetes. 

Porsche 911 GT3 Touring (2025)

Foto de: Porsche

Pelo fato de pegar o GT3 Touring na estrada depois de pilotar o GT3 na pista de Valência, poderia passar a sensação de ser algo mais...sem graça. Mas saber que era o carro com câmbio manual me animou até mais, além de um roteiro bem longo para aproveitar as belas paisagens da Espanha. Além disso, a Porsche não muda a programação do motor 4.0, logo, ele gosta de girar com um belo ronco, temperado pelo câmbio manual. 

Há alguns anos, dirigi um 911 (992) GTS Targa com o curioso câmbio manual de 7 marchas da Porsche. Como é um GT3, a marca "tira" uma das marchas pelo uso mais esportivo, então temos uma caixa mais tradicional com seis marchas, porém com os engates precisos, curtos e diretos do câmbio alemão. A embreagem exigiu algum costume, mas logo nos entendemos e percebi que o próprio motor gosta de girar até para sair da imobilidade. 

Porsche 911 GT3 Touring (2025)

Foto de: Porsche

Ainda é um GT3, então o Touring ainda tem uma suspensão track ready, com arquitetura diferente do 911 normal, usando juntas uniball e, no 992.2, com novos braços, mais baixos e aerodinâmicos, para reduzir o mergulho em frenagens e melhorar as respostas da direção em velocidades mais altas. Em uso "normal", os amortecedores adaptativos até tentam dar conforto, mas ainda tem as respostas mais duras e diretas, mesmo quando no modo mais tranquilo. 

A rodovia se abre, então afundo o pé pra ver esse 4.0 gritando. De sexta para terceira marcha, e vai aos 9.000 rpm com força incrível para um aspirado, que nem dá pra perceber aqueles 2 kgfm que se foram. Meus amigos, que sensação maravilhosa! Embreagem, toque na alavanca, marcha pra cima, velocidade aumentando e prefiro proteger meu passaporte e conseguir voltar pra casa sem ligar pro meu advogado e dar a ele mais uma parcela do 718 Cayman que comprou recentemente. 

Porsche 911 GT3 Touring (2025)

Foto de: Porsche

O GPS indica uma estrada secundária, cheia de curvas. Como gosto de como a Porsche organiza esses test-drives internacionais, procurando o máximo para aproveitar esses carros. Coloco no modo Track, o novo painel muda a visualização e toda a parte eletrônica entende que quero me divertir, desde suspensão até motor e escape. 

Chega a ser covardia. Como esse carro faz curvas, acelera e freia deixa a estrada até fácil. Mais acelero e faço curvas que frear em si, já que aproveito as reduções do câmbio e o freio-motor para reduzir a velocidade antes das curvas mais fechadas, já que as mais abertas eram muito fáceis pro Touring. Em diversos momentos vi o painel, a velocidade e pensei que meu advogado ia acabar andando de GT3 no Brasil se não pensasse bem no que eu estava fazendo. 

Porsche 911 GT3 Touring (2025)

Foto de: Porsche

Triste fim. Devolvo o carro para o pessoal da Porsche e já o vejo embarcando para a Alemanha, sua casa. Ao mesmo tempo, celebro que logo chega ao Brasil e, espero, vamos poder repetir tudo isso em nossas estradas. Não é a Espanha, mas conheço algumas boas para isso...

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