Após semanas seguidas de más notícias e resultados amargos, a Nissan parece que finalmente encontrou um caminho para sair da crise. De acordo com reportagem do jornal Nikkei Asia, a marca sentou para negociar com a Honda e deverá encontrar na conterrânea o esperado 'investidor âncora' que tanto procura. A ideia é que as empresas realizem uma fusão e passem a operar sob uma nova holding, com detalhes específicos a serem decididos posteriormente.
O novo grupo também buscará incluir a Mitsubishi no futuro, tendo em vista a participação de 24% da Nissan na marca. Procuradas, Nissan e Honda evitaram cravar qualquer acordo e confirmam apenas que estão "explorando várias possibilidades de colaboração futura, aproveitando os pontos fortes uma da outra".
O projeto de uma fusão vai bem além das expectativas iniciais do mercado a respeito do futuro da Nissan. Até então, imaginava-se que a aproximação com a Honda, iniciada em março deste ano, resultaria no máximo em uma aliança voltada para programas de eletrificação. Agora, a ideia de uma fusão vai bem além disso e acaba por confirmar os rumores levantados desde agosto por Carlos Ghosn. À época, o ex-CEO disse que a Honda planejava "disfarçadamente" a compra da Nissan e da Mitsubishi.
O jornal Nikkei Asia relata ainda que, antes de iniciar as conversas com a Honda, a Nissan tentou fechar acordo com a Foxconn (gigante de tecnologia com sede em Taiwan). Sem sucesso, acabou tendo que sentar para negociar com a Honda. Resta agora aguardar pela oficialização da fusão para saber detalhadamente como será a nova operação.
Como começou a crise na Nissan
No final do novembro, reportagem do jornal Financial Times revelou que a situação financeira da Nissan é bastante delicada e que a marca está em busca de novos parceiros para tentar sair da crise. A sobrevivência da empresa depende da adoção de medidas amargas a partir dos próximos meses (incluindo cortes e demissões) e, principalmente, da entrada de um novo investidor âncora no negócio para sustentar as operações daqui em diante.
De acordo com o jornal, dois altos executivos que preferiram não se identificar revelaram que a Nissan "tem 12 ou 14 meses para sobreviver” e que a situação “é muito difícil". Rumores indicam que a Honda, já parceria da Nissan no desenvolvimento de elétricos, poderá ser o tão esperado 'investidor âncora'. O ex-CEO Carlos Ghosn, inclusive, foi o primeiro a apontar que a aproximação entre as duas marcas no mercado de EVs guardava outros interesses por trás.
Os problemas financeiros da Nissan têm aumentado nos últimos meses devido à queda nas vendas em seus dois maiores mercados globais: China e Estados Unidos. Neste último, por exemplo, a capacidade de produção foi reduzida em 17% para acompanhar a retração. Por lá, a Nissan perdeu espaço considerável nos últimos anos e hoje vende cerca de 300.000 veículos a menos do que vendia há uma década.
Em todo o mundo, a marca planeja demitir pelo menos 9.000 funcionários e reduzir o ritmo de fabricação em 20%. Além disso, anunciou recentemente que cortará parte dos salários de seus principais executivos.