Imagine um caminhão que até mesmo quem não liga para os pesados possa reconhecer. Este é o caso do Mercedes-Benz 1113 (ou 1111, seu antecessor). Eles foram sucesso tão grande que podemos até mesmo ousar em dizer que ele era o “Fusca dos caminhões”.
Lançado em 1964 durante o Salão do Automóvel, o L1111 tinha como objetivo dar continuidade aos modelos de sucesso, L-312 e LP-321. Mecanicamente, o L1111 era equipado com o motor Mercedes-Benz OM-321 com sistema de injeção tipo indireta da Bosch e entregava 120 cavalos de potência e não usava turbo, recebendo o apelido de Maçarico. Esse motor também equipava os modelos LP-321 como os modelos de ônibus LOP-321 e os monoblocos O-321 H e HL.
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Mercedes-Benz L-1111 de 1964 (Foto: Bárbara Angelo | AutoPapo)Atrelado ao motor, o Mercedes L1111 recebia uma caixa de marchas com 5 velocidades a frente é uma ré do tipo DB, todas sincronizadas com monodisco a seco, o que deixava o trabalho um pouco mais fácil, mas ainda precisava ter um pouco de atenção para não dar aquela famosa arranhada.
O Mercedes L1111 ainda era ofertado em três diferentes versões, chamadas tecnicamente de L, LK e LS, o que cada letra dessa representava?
- A letra L significa Lastwagen palavra em alemão para caminhão
- Já a Sigla LK era Kípper palavra em alemão para basculante, ou seja LK era caminhão basculante
- Por fim, LS é Sattelschlepper palavra em alemão para Semi-roboque
Outra novidade do modelo, era a sua cabine, que agora era uma semiavançada ou bicuda. A cabine chamada do tipo DB na verdade se tratava da velha cabine AGL, que inicialmente havia ser ofertada na versão teto-baixo, mas ao longo dos anos de 1970 ganhou uma versão teto alto que equipou os modelos L1113, L1313, L1513, 2013 modelo 6×2 e 2213 6×4.
Se olharmos hoje para o L1111, ou “onze-onze”, podemos achar que ele é um caminhão limitado, entretanto, para a época ele conseguiu juntar qualidade e robustez, essencial para o sucesso do modelo naquele Brasil que ainda estava se desenvolvendo e o asfalto era “artigo raro’.
L1113, substituto do ‘onze-onze’
Em 1970 a Mercedes-Benz então resolveu, que mesmo com o sucesso do L1111 em seus 6 anos de produção era hora de o modelo ter um substituto à altura. Assim surge o Mercedes L1113, que era equipado com o motor Mercedes-Benz OM-352, o primeiro a ter injeção direta.
O OM-352 é um motor de 6 cilindros e 5,7 litros, que entregava 130 cavalos de potência, melhorando o desempenho do seu antecessor, além de manter a boa qualidade e baixo custo de manutenção.
Esteticamente, os Mercedes L1111 e L1113 são semelhantes, e por isso é muito difícil difereciá-los – mas a maioria sabe que se tratam de caminhões da marca alemã.
O sucesso esperado pela Mercedes-Benz com o L1113 foi alcançado: o modelo ficou de 1970 a 1988 no mercado e, somando as vendas do L1111 e L1113, foram 240 mil caminhões vendidos. Dessa soma, estima-se que 200 mil sejam apenas do L1113.
Sucesso no Brasil, ‘not good for USA’
Sendo um sucesso no Brasil, a Mercedes-Benz fez uma aposta ouosada e exportou o 1113 para os EUA nas versões L-1013, L-1113, L-1116, L-1316, L-1418 e LS-1418. entretanto, os modelos não fizeram sucesso.
Em uma última cartada, a montadora pegou o seu motor OM366La que gerava 190 cavalos e desenvolveu o L-1319 que tinha modificações no sistema de iluminação, rodas de alumínio e pneus sem câmera para se adequar ao mercado norte americano. Há rumores de que 50 modelos foram distribuídos para potenciais clientes para a realização de testes, mas não obteve grande sucesso.
Uma singela homenagem
Em 2017, a Mercedes-Benz apresentou na 21° Fenatran uma edição super limitada do pesado Actros que fazia alusão ao L1111. A série recebeu a cabine em cor verde, semelhante a pintura dos primeiros L1111. Além disso, o chassi foi pintado na cor vermelha, que também era uma alusão ao modelo clássico, e por fim no interior havia combinações em tom verde e branco.
A série teve 21 unidades sendo 15 cavalos mecânicos do Actros 2651 6×4 e 6 unidades do Actros 2546 6×2.
Hall da Fama do Transporte
O L1111 e o L1113, com certeza, merecem um espaço em algum Hall da Fama do Transporte. Eles foram caminhões importantes para o desenvolvimento sócioeconômico do Brasil. Além de todo tipo de carga, transportou trabalhadores nos famosos “paus de arara”
Aliás, este que vos escreve, mesmo sendo nascido nos anos 1990 já andou em alguns paus-de-arara para chegar em uma pequena vila isolada e claro, era um L1113, não nas melhores condições, mas ele estava lá, religiosamente 3 vezes por semana para transportar leite, e outros produtos da cidade para essa pequena vila, e, claro, quem não queria esperar o ônibus.
O seu sucesso também consolidou o nome da Mercedes-Benz no mercado e abriu portas para os seus sucessores de sucesso, entre eles o clássico L1620 que fechou o seu ciclo com o nome de Atron no Brasil.
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