Matriz energética: Brasil vs. mundo e os impactos na mobilidade

há 2 meses 5

A matriz energética de um país define as fontes de energia utilizadas para suprir suas demandas, desde a eletricidade até os combustíveis usados no transporte e na indústria. A comparação entre a matriz energética brasileira e a mundial revela diferenças significativas, principalmente em relação à participação de fontes renováveis e seus impactos no setor de transportes, incluindo a adoção de veículos elétricos.

Matriz energética mundial

A matriz energética global ainda é predominantemente baseada em fontes não renováveis, como petróleo, carvão e gás natural. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a participação das fontes na matriz mundial em 2022 foi:

  • Petróleo e derivados: 31,7%

  • Carvão: 28,1%

  • Gás natural: 21,6%

  • Renováveis (solar, eólica, geotérmica e outras): 3,1%

  • Hidráulica e biomassa: 10,9%

energia solar painel fotovoltaico

Somando todas as fontes renováveis, elas correspondem a apenas 14% da matriz energética mundial, enquanto os combustíveis fósseis ainda dominam com 86%. Esse alto consumo de fontes não renováveis resulta em grandes emissões de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo para as mudanças climáticas.

Matriz energética brasileira

Diferente do panorama global, a matriz energética do Brasil é uma das mais limpas do mundo, com quase metade de sua energia vinda de fontes renováveis. Os dados do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2023, que é a fonte mais recente, indicam a seguinte composição:

  • Petróleo e derivados: 36,5%

  • Derivados da cana (etanol e bioenergia): 17,5%

  • Hidráulica: 12,6%

  • Gás natural: 12,3%

  • Lenha e carvão vegetal: 8,7%

  • Outras renováveis (solar, eólica, biodiesel): 2,9%

Petrolio BP

No total, as fontes renováveis representam 49,1% da matriz energética brasileira, um percentual muito superior à média mundial. Isso se traduz em uma menor emissão de GEE por habitante em comparação com outros países.

Uma análise direta entre as matrizes energéticas mostra que:

  • O Brasil possui 57% de fontes não renováveis e 44% de fontes renováveis.

  • No mundo, 86% da energia vem de fontes não renováveis e apenas 14% de fontes renováveis.

Esses números demonstram que o Brasil está à frente na transição energética, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e promovendo fontes mais sustentáveis. Isso considerando que esses dados precisam ser atualizados com os números de 2024, que mostraram um forte avanço nas áreas de energia eólioca e solar, ampliando a fatia de geração de energia com fontes limpas. 

Enel X - hub de recarga em SP (8)

Impacto no setor de transportes e veículos elétricos

O setor de transportes é um dos principais consumidores de energia e ainda depende fortemente do petróleo. A eletrificação da frota com veículos elétricos é uma alternativa promissora para reduzir emissões, mas enfrenta desafios que variam conforme a matriz energética de cada país.

No cenário mundial, a geração de eletricidade ainda depende majoritariamente de combustíveis fósseis. Segundo a IEA, a matriz elétrica global em 2022 tinha a seguinte composição:

  • Carvão: 39,3%

  • Gás natural: 22,9%

  • Hidráulica: 16%

  • Nuclear: 10,6%

  • Outras fontes (eólica, solar, biomassa): 11,2%

Ou seja, carregar um veículo elétrico em muitos países ainda significa consumir eletricidade gerada com combustíveis fósseis.

Já no Brasil, a situação é mais favorável. Nossa matriz elétrica é majoritariamente renovável, com os seguintes percentuais:

  • Hidráulica: 68,1%

  • Gás natural: 9,1%

  • Biomassa: 8,2%

  • Solar e eólica: 5,4%

recarga

Foto de: InsideEVs

Com 82% da geração de eletricidade proveniente de fontes renováveis, os veículos elétricos no Brasil representam uma alternativa realmente sustentável, reduzindo drasticamente as emissões de carbono em comparação com veículos a combustão.

Apesar das vantagens ambientais, a adoção de veículos elétricos no Brasil ainda enfrenta desafios, como:

  • Infraestrutura de recarga: Expansão da rede de estações de carregamento público.

  • Custo dos veículos: Os preços dos VEs ainda são altos, apesar dos custos operacionais mais baixos.

  • Políticas de incentivo: Isenções fiscais e subsídios podem acelerar a adoção da tecnologia.

Por outro lado, há grandes oportunidades, como o crescimento da energia solar e eólica e o uso de biocombustíveis, como o etanol, que podem complementar a eletrificação do setor de transportes.

Conclusão

A matriz energética brasileira, mais sustentável que a mundial, favorece a eletrificação dos transportes e a redução de emissões de carbono. Com investimentos em infraestrutura, incentivos e maior participação de energias limpas, o Brasil tem tudo para se tornar um líder na transição para mobilidade sustentável, sobretudo pelo melhor desempenho ambiental dos carros elétricos por aqui. 

Fonte: EPE

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