Já andamos: novo VW Taos 2025 não se destaca por nada

Há uma frase icônica no filme Como Enlouquecer Seu Chefe em que o especialista em eficiência Bob Slydell pergunta ao programador Tom: "O que você diria que... faz aqui?"

É uma pergunta com a qual muitos envolvidos na vida corporativa podem se identificar ou, pelo menos, rir, mas também se aplica aos carros. Para ganhar seus megamilhões em custos de desenvolvimento e gastos com publicidade, um carro deve fazer algo novo ou melhor do que a concorrência, e esse algo deve ser significativo para o público-alvo. Depois de passar um dia com o Volkswagen Taos 2025 renovado que já foi apresentado nos EUA, não tenho certeza do que ele faz aqui.

Ele é bastante agradável, mas totalmente esquecível - o equivalente veicular a uma conversa de bebedouro. Vale lembrar que o Taos reestilizado para o mercado estadunidense é feito no México utiliza um motor 1.5 turbo a gasolina. O brasileiro, ainda sem facelift e importado da Argentina, tem o conhecido 1.4 TSI turbo a gasolina. O de lá usa câmbio automático de 8 marchas, contra 6 do vendido por aqui.

O novo Taos oferece pouco para se diferenciar da miríade de outros SUVs pequenos existentes no mercado, nem de seu irmão maior, o Tiguan. Embora espaçoso e bem equipado, ele não é particularmente eficiente, barato ou avançado, e a VW não tem a reputação de qualidade da Honda ou da Toyota. Isso não quer dizer que o Taos seja um carro ruim - não é -, mas ele não é digno de nota, e a VW não pode se dar ao luxo de ter um carro "não digno de nota" no momento.

Caso não tenha ouvido falar, a Volkswagen não está tendo o melhor ano (ou cinco) nos EUA. As vendas caíram, os lucros são inexistentes e a empresa está pensando em fechar uma fábrica alemã pela primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial. O diretor financeiro da empresa chegou a dizer recentemente aos funcionários que ela tem "um, talvez dois anos" para dar a volta por cima.

Dado esse cenário pouco otimista, a Volkswagen precisa acertar na atualização dos SUVs Taos e Tiguan, já que os dois são alguns de seus veículos mais vendidos nos EUA e no mundo. Embora o Taos 2025 seja mais refinado e competente do que antes, não é o tipo de mudança que provavelmente conquistará muitos compradores indecisos. 

Foto a: Volkswagen

Prós: Interior espaçoso, dinâmica de direção suave, longa lista de equipamentos de série

Por US$ 26.420 (R$ 163,7 mil), incluindo frete, o Taos é o VW de cinco portas mais barato que os estadunidenses podem comprar. Para 2025, ele recebe uma atualização no meio do ciclo com um visual ainda mais quadrado, um aumento de potência no motor de quatro cilindros de 1,5 litro e uma transmissão automática de oito velocidades no lugar da antiga embreagem dupla de sete velocidades nos modelos com tração integral 4Motion. O modelo básico também recebe uma série de equipamentos de série, incluindo faróis de LED com projetor e uma tela de multimídia de 8".

Não tenho certeza se esse facelift favorece o pequeno SUV. Embora o modelo anterior não fosse muito atraente, o fato de ter retirado os faróis e a grade superior em favor de um grande focinho inferior acentua a lateral do Taos. Isso faz com que o carro pareça estar fazendo biquinho. Há um par de novas cores: Cinza Monumento e Verde Musgo Brilhante, a última das quais, segundo a VW, foi inspirada no Verde Mamba da Porsche.

Foto a: Volkswagen

Foto a: Volkswagen

Foto a: Volkswagen

Felizmente, as atualizações mecânicas e tecnológicas são melhores. O câmbio automático de oito marchas é suave e mais adequado do que o DSG nessa aplicação. A VW diz que o modesto aumento de potência do 1,5 litro é cortesia de componentes internos revisados, injetores e intercooler maiores e uma carcaça de turbo modificada. Ele parece enérgico ao sair da linha, mas perde o fôlego em torno de 80 quilômetros por hora, fazendo com que as ultrapassagens em rodovias precisem de mais cuidado e planejamento.

O conjunto IQ.Drive da VW de tecnologia de assistência ao motorista é de série e bem-vindo. A frenagem automática de emergência e o assistente de manutenção de faixa mantêm as coisas em linha reta, enquanto o controle de cruzeiro adaptativo e o Travel Assist, controlados por botões (felizmente) táteis, ajudam nas manobras em rodovias. Não é de se admirar que os SUVs de entrada agora tenham equipamentos de assistência que causariam inveja aos sedãs de luxo de uma década atrás, mas essa é a marcha do progresso.

Foto a: Volkswagen

Contras: Eficiência média, aceleração lenta, preço próximo ao do Tiguan

A eficiência de combustível sobe 0,4 km/l nos modelos com tração integral 4Motion para 11,9 km/l em uso combinado, permanecendo em 13,2 km/l para o Taos com tração dianteira. Isso está no mesmo nível de seus concorrentes, mas é meramente aceitável, considerando o desempenho do Taos. A Hyundai tem um Kona elétrico a bateria, a Toyota vende o Corolla Cross como um híbrido de capaz de 17,8 km/l e a Subaru revelou uma nova versão híbrida do Crosstrek no Japão, que poderia ser trazida para os EUA. A VW vende versões híbridas plug-in do Golf e do Tiguan na Europa, mas não oferece nenhum híbrido nos EUA.

O Taos é um lugar agradável para se estar, com bancos revestidos com tecido e couro sintético, muitos botões físicos (a VW finalmente se tocou) e Apple CarPlay sem fio. Há bastante espaço para os passageiros traseiros e a área de carga traseira também é espaçosa. Ele dirige com precisão e se sente tão confortável e sólido em velocidade de estrada quanto se espera de qualquer carro alemão, embora com algum ruído de estrada audível.

Aqui reside o problema: o VW Taos faz quase tudo bem, mas nada de extraordinário. Se você quiser um manuseio divertido, compre um Mazda CX-30. Se o estilo e a tecnologia vêm em primeiro lugar, o Hyundai Kona está chamando seu nome. Quando o objetivo é a eficiência, o Toyota Corolla Cross Hybrid é a solução, com uma economia de combustível muito superior. Outras opções no segmento escolhem sua linha e se mantêm nela - o Taos é um pau para toda obra, mas não é mestre em nenhuma.

Foto a: Volkswagen

Foto a: Volkswagen

O que é mais preocupante é que não tenho certeza se o Taos pode se valorizar dentro da linha da VW. O SE 4Motion moderadamente equipado que dirigi custava US$ 31.040 (R$ 192,4 mil), enquanto um Tiguan Wolfsburg AWD 2024 comparável custaria US$ 33.920 (R$ 210,2 mil nos EUA). Supondo que os preços do Tiguan 2025 sigam a mesma tendência do Taos e subam pouco, estamos falando de uma diferença de dois dígitos no financiamento de um carro com muito mais espaço e potência.

Durante nosso passeio, a conversa girou em torno de anúncios de décadas atrás, desde o inteligente anúncio do TDI em espanhol até a inesquecível série Unpimp Your Ride. O clima era de saudade de uma época em que os produtos e a marca da VW representavam algo atrevido e inteligente nos EUA. Após o Dieselgate, a Volkswagen não tem uma identidade clara na América do Norte. Sem uma vantagem clara sobre a concorrência, o Taos não a deixa mais perto de descobrir qual será o próximo capítulo. 

Não tenho certeza do que ele faz aqui.

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