"O governador apostou em algo que favorece a indústria local e a cadeia do etanol, que é a vocação econômica de São Paulo. O estado produz três vezes mais etanol que Goiás, o segundo maior produtor, então faz sentido que o incentivo vá para os híbridos flex. Isso movimenta o agronegócio, a indústria de veículos e gera empregos dentro do estado", explica James.
Além do foco na economia paulista, há também o aspecto industrial. "Cerca de 96% a 98% dos carros elétricos vendidos no Brasil são importados, enquanto os híbridos flex, como o Toyota Corolla Cross e o Corolla Hybrid, são produzidos localmente. O governo fez uma escolha de proteger o que já existe no estado", complementa o especialista.
Críticas da ABVE: isenção pouco eficaz para descarbonizar
A ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) criticou a medida, alegando que ela premia tecnologias menos eficientes em termos ambientais. Em nota, a entidade classificou a proposta como "não isonômica e discriminatória" e alertou para um possível efeito fiscal inverso.
"A proposta poderá premiar os micro-híbridos flex, que têm baixo grau de eletrificação e pouca ou nenhuma contribuição efetiva à redução de poluentes. Enquanto isso, tecnologias como os 100% elétricos (BEV) e os híbridos plug-in (PHEV), que realmente descarbonizam, foram deixadas de fora."
A ABVE também destacou que muitos proprietários de veículos híbridos flex ainda preferem abastecer com gasolina, o que limita os benefícios ambientais do incentivo ao etanol. "O resultado poderá ser paradoxal: ao invés de reduzir as emissões, a medida pode incentivar o consumo de combustíveis fósseis", afirma a entidade.