Em um movimento histórico para a indústria automotiva japonesa, Honda e Nissan anunciaram planos para uma fusão que deve ser concluída até 2026. O acordo representa uma resposta direta à crescente pressão competitiva exercida por fabricantes chinesas de veículos elétricos, como BYD, e por empresas inovadoras como Tesla.
A fusão criará o terceiro maior grupo automotivo global em vendas, ficando atrás apenas de Toyota e Volkswagen. As duas empresas projetam alcançar vendas combinadas de 30 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 191 bilhões) e um lucro operacional superior a 3 trilhões de ienes.
A estrutura do novo grupo contará com uma holding, prevista para ser estabelecida em agosto de 2026, com a listagem de suas ações em bolsas de valores. A Honda, que possui um valor de mercado aproximadamente quatro vezes maior que o da Nissan, terá a maioria dos assentos no conselho da nova entidade.
Mitsubishi Motors, onde a Nissan é acionista majoritária, também avalia a possibilidade de aderir ao acordo. A decisão final deve ser anunciada até janeiro de 2025. Caso a Mitsubishi integre a fusão, o grupo poderia superar a marca de 8 milhões de unidades vendidas anualmente.
Eletrificação como Pilar Estratégico
O CEO da Honda, Toshihiro Mibe, destacou que a eletrificação e a tecnologia de direção autônoma serão os principais focos da nova parceria. Segundo Mibe, “precisamos construir capacidades robustas para competir com as montadoras chinesas até 2030, caso contrário seremos superados".
Ambas as empresas já haviam iniciado colaborações pontuais em 2023, abrangendo o desenvolvimento de software e tecnologias para veículos elétricos. A fusão representa uma extensão natural dessa parceria estratégica.
Tanto Honda quanto Nissan enfrentaram desafios no mercado chinês, onde fabricantes locais, como BYD, têm dominado o segmento elétrico com preços competitivos e inovações tecnológicas. Além disso, a Nissan anunciou recentemente cortes de 9.000 postos de trabalho e uma redução de 20% na capacidade global de produção.
Por outro lado, a Honda tem se mantido financeiramente estável devido ao bom desempenho de sua linha de motocicletas e veículos híbridos, apesar de também sofrer uma queda nas vendas na China.
Desafios
Apesar do otimismo, especialistas apontam desafios significativos para a fusão. O ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, expressou ceticismo sobre o sucesso do acordo, afirmando que as duas empresas não são complementares o suficiente para fazer frente aos novos desafios do mercado.
Ainda assim, o mercado reagiu positivamente ao anúncio. As ações da Honda subiram 3,8%, as da Nissan 1,6% e as da Mitsubishi Motors 5,3% após a divulgação do plano.
A fusão entre Honda e Nissan promete abrir um novo capítulo no cenário automotivo global, com uma forte aposta na eletrificação e na eficiência operacional. O sucesso desse acordo pode representar um grande alívio para a indústria automotiva japonesa.
Fonte: Reuters