O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse nesta quarta-feira (11) que se preocupa "um pouquinho" com a inflação devido ao impacto das questões climáticas sobre os preços de alimentos e energia. Na visão dele, contudo, os juros não são a solução nesse caso.
"Inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima. Nós estamos acompanhando a evolução dessa questão climática, porque o efeito do clima sobre o preço de alimentos e, eventualmente, [sobre o] preço de energia, faz a gente se preocupar um pouco com isso. Mas essa inflação advinda desse fenômeno não se resolve com juros", disse.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne na próxima semana, nos dias 17 e 18, para definir a taxa básica de juros (Selic) –hoje em 10,5% ao ano. Os economistas projetam a retomada do ciclo de aperto monetário.
"Juro é outra coisa. Mas o Banco Central tem um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão e nós vamos aguardar o Copom da semana que vem", complementou Haddad.
O Brasil enfrenta neste ano a pior seca de sua história desde o início da atual série histórica, em 1950, quando há registro pelo Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
Na Amazônia, os rios Madeira e Negro já atingiram alguns dos níveis mais baixos da história, e comunidades sofrem com isolamento e obstáculos no abastecimento.
Em razão da seca, o Ministério de Minas e Energia ampliou a autorização para uso de usinas termelétricas, especificamente de Santa Cruz (RJ), Linhares (ES) e Porto Sergipe (SE), e avalia retomar o horário de verão para tentar evitar um racionamento de energia.
Do lado da atividade econômica, Haddad projetou uma revisão ainda mais elevada para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país, acima de 3%. Até julho, a estimativa oficial da equipe econômica era de 2,5%.
"A atividade econômica continua vindo forte. Hoje tivemos um dado de serviços forte. Nós devemos, nessa semana, divulgar a reprojeção do PIB e as consequências sobre a arrecadação, possivelmente com um aumento da projeção, além do que nós estávamos esperando. Ele deve vir mais forte, possivelmente 3% [de crescimento do PIB] para cima, algo bastante consistente", disse o ministro.
A projeção mais otimista vem depois que os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a atividade econômica cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano no Brasil, na comparação com os três meses iniciais de 2024.