Uma tentativa de demitir Powell quase certamente faria os preços das ações caírem e os rendimentos dos títulos dispararem, elevando as taxas de juros sobre a dívida do governo e os custos de empréstimos para hipotecas, financiamentos de automóveis e cartões de crédito.
Os investidores preferem um Fed independente, em parte porque ele controla melhor a inflação sem influência política, mas também porque suas decisões são mais previsíveis - seus dirigentes costumam discutir publicamente as políticas a seguir sobre juros. Se o Fed fosse mais influenciado pela política, os mercados teriam mais dificuldade em antecipar - ou entender - suas decisões.
Presidentes do Fed como Powell são indicados pelo presidente para mandatos de quatro anos e precisam ser confirmados pelo Senado. O presidente dos EUA também nomeia os outros seis membros do conselho do Fed, que podem cumprir mandatos escalonados de até 14 anos.
Essas nomeações permitem que um presidente do país, ao longo do tempo, altere significativamente as políticas do Fed. O ex-presidente Joe Biden nomeou cinco dos atuais sete membros: Powell, Lisa Cook, Philip Jefferson, Adriana Kugler e Michael Barr. Assim, Trump terá menos oportunidades para nomeações. Ele poderá substituir Kugler, que ocupa um mandato não vencido que termina em 31 de janeiro de 2026.
O Congresso, por sua vez, pode definir os objetivos do Fed por meio de legislação. Em 1977, por exemplo, o Congresso deu ao Fed um "duplo mandato": manter os preços estáveis e buscar o máximo emprego. A lei também exige que o presidente do Fed preste depoimento ao Congresso duas vezes por ano, tanto na Câmara quanto no Senado, sobre a economia e a política de juros.
Powell diz que a lei não permite que um presidente do país demita um presidente da instituição exceto por justa causa. Há certa complicação nisso, pois Powell foi nomeado separadamente como membro do conselho de governadores do Fed e, depois, elevado ao cargo de presidente - por Trump, em 2017.