Após dois anos de planejamento, as marcas chinesas Omoda e Jaecoo iniciam as vendas no Brasil. Os dois primeiros modelos estão sendo distribuídos para 44 lojas.
Ambas pertencem à Chery, que atua no país desde 2009. Em 2018, as operações da montadora passaram a ser compartilhadas com o grupo Caoa, que hoje monta modelos da linha Tiggo em Anápolis (GO).
Entretanto, a atuação da Omoda Jaecoo não faz parte desse acordo, mesmo sendo possível compartilhar alguns componentes entre as novidades importadas e os modelos nacionais.
As novas marcas chegam unicamente por iniciativa da Chery, e ainda não se sabe como será a relação entre os grupos envolvidos daqui por diante. Uma das questões pendentes é o destino da fábrica construída em Jacareí (interior de São Paulo), que está fechada desde 2022 e poderia ser reativada em uma futura produção nacional.
Enquanto as pendências industriais são resolvidas nos bastidores, vale conhecer o SUV híbrido plug-in Jaecoo 7 e o modelo 100 elétrico Omoda E5.
O primeiro contato com os carros aconteceu no autódromo Capuava, em Indaiatuba (interior de São Paulo). Em poucas voltas no circuito, a suspensão bem acertada de ambos os modelos chamou a atenção.
O primeiro a ser avaliado foi o Jaecoo 7, que custa a partir de R$ 229.990. Por esse valor, há sete airbags, sensores que ajudam a manter o carro em sua faixa de rolagem, frenagem automática, teto solar e ajustes elétricos dos bancos dianteiros.
A frente quadrada faz o modelo parecer maior do que é, mas seus 4,50 m de comprimento o colocam entre os SUVs médios convencionais. Para comparar, o GWM Haval H6 (a partir de R$ 244 mil na versão plug-in) tem 4,68 m.
Seu desenho é original na dianteira, mas a traseira e o interior remetem aos SUVs da Land Rover. Por dentro, as semelhanças com os modelos da marca inglesa estão no formato do volante e na forração dos bancos.
Encontrar referências de outros modelos aqui e ali é uma característica que persiste em diversos modelos chineses, mas o momento atual é bem diferente das cópias vistas em um passado não tão distante. Como um sinal dos tempos, o Jaecoo 7 atesta a mudança.
O SUV híbrido traz encaixes bem cuidados na cabine e rodar silencioso. Os primeiros metros de deslocamento ocorrem no modo elétrico, com os 1.760 kg do veículo sendo impulsionados por um motor de 204 cv e torque imediato. Ao entrar na pista e acelerar forte, o 1.5 turbo a gasolina (135 cv) entra em ação, acompanhado de um ronco abafado.
Os 339 cv de potência combinada dão trabalho aos controles de tração e de estabilidade, principalmente por se tratar de um carro com tração dianteira. Nas curvas do autódromo, é possível perceber as travas do sistema entrando em ação, ajudadas por uma suspensão mais firme do que o usual entre os carros de origem chinesa.
É preciso rodar com o Jaecoo 7 nas ruas do cotidiano para perceber outros pontos positivos e negativos do SUV, mas as primeiras impressões são boas, tanto em movimento quanto parado. Há bom espaço no banco traseiro, e o porta-malas oferece 500 litros de capacidade na conta da montadora.
Na volta seguinte, chega a vez de testar o elétrico Omoda E5. Seu estilo era futurista em 2022, mas, hoje, não tem mais o impacto de outrora. Diante da chegada de tantas novidades em tão pouco tempo, três anos de mercado global têm seu peso.
Apesar disso, o desenho harmonioso chama a atenção e o diferencia dos BYDs e GWMs que se multiplicam nas ruas. A frente tem luzes diurnas de LED separadas dos faróis principais, enquanto as lanternas traseiras remetem aos modelos japoneses da linha Lexus.
O pacote de equipamentos é semelhante ao do Jaecoo e inclui seis airbags, frenagem automática, central multimídia com tela de 12,3 polegadas, carregamento de smartphone por indução, ar-condicionado com duas zonas de temperatura e teto solar.
Na pista, o E5 demonstra boa estabilidade e vai bem nas retomadas, característica comum aos carros 100% elétricos. São 204 cv de potência, a mesma oferecida pelo BYD Yuan Plus (R$ 235,8 mil)
A autonomia do Omoda, segundo o padrão adotado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), é de 345 km.
Seu maior apelo, entretanto, é o preço. O SUV chinês é anunciado por R$ 209.990, valor que o coloca na disputa direta com modelos flex, a exemplo do Jeep Compass 1.3 turbo (de R$ 186.990 a R$ 247.990).