Na parte da frente, Alexander Seitz, presidente da Volkswagen América do Sul, e Ciro Possobom (ao volante), CEO da VW Brasil. Esta não foi a primeira vez que se recriou a cena, algo que já havia sido feito nos anos 90 com Itamar Franco, na retomada da produção do Fusca.
A original ocorreu em 18 de novembro de 1959, na inauguração da fábrica da Anchieta. A unidade já tinha começado a produzir carros, mas aquela foi a data escolhida para a cerimônia. Os personagens principais estavam a bordo de um Fusca conversível que entrou para a história - e que, agora, está preservado e exposto ao público.
Os personagens dessa história
Incentivador do desenvolvimento da indústria brasileira, o presidente Juscelino Kubitschek, em seu penúltimo ano de São Paulo, foi a São Bernardo do Campo para a inauguração da fábrica. Ele desfilou no banco de trás de um Fusca conversível 1958, na cor preta.
JK estava ao lado do governador de São Paulo Carvalho Pinto. Já na frente, como voltou a ocorrer em 2024, foram dois executivos da Volkswagen. CEO da subsidiária brasileira, Friedrich Schultz-Wenk conduziu o carro.
Schultz-Wenk foi o grande idealizador da fábrica Anchieta. Ao seu lado estava o presidente mundial da Volkswagen, Heinrich Nordhoff. A unidade foi a primeira fábrica da montadora fora da Alemanha, e começara a ser construída três anos antes, em 1956.
Na data escolhida para a cerimônia de inauguração com JK, já estava a todo o vapor. Sua operação havia começado no início daquele ano. O primeiro Fusca da Anchieta, aliás, saiu da linha de montagem em 3 de janeiro de 1959.
O Fusca 1958
Porém, não foi o Fusca número 1 de São Bernardo o escolhido para a cerimônia. O conversível preto nem mesmo era nacional. Ele foi trazido da Alemanha.
O belo conversível, com interior vermelho, está totalmente preservado 65 anos após ter participado do importante capítulo da história da indústria brasileira. E, desde o fim de novembro, é atração no CARDE, o novo museu inaugurado em Campos do Jordão, no interior de São Paulo.
O local não é um simples museu de carros. Ele reúne, à história do automóvel, cultura e arte. O Fusca 58 está, ao lado de dois outros veículos, na área decidida a modelos que já transportaram autoridades.
Sua exposição é temporária. Portanto, a sugestão a quem quiser vê-lo é que faça isso em breve, pois logo o Fusca 58 pode ser substituído por outro veículo importante. Os ingressos para o museu custam R$ 120.
CARDE
A exposição no CARDE tem cerca de 80 carros. A maioria faz parte das importantes coleções da Fundação Lia Maria Aguiar (responsável pelo museu) e do curador Luiz Goshima. Perguntei à assessoria de imprensa o valor estimado para o Fusca 58.
A resposta: "Não falamos em valores. É inestimável, até por sua representatividade histórica". Os espaços do CARDE são divididos em épocas do Brasil - e também do mundo.
Na Era Vargas, por exemplo, junto a modelos dos anos 30 e 40 podemos ver obras importantes de Portinari e Di Cavalcanti. Já no salão amarelo das décadas de 50 e 60, há exemplares de ícones como Aston Martin DB5, Porsche 356, Chevrolet Corvette e Cadillac Eldorado. Eles são "embalados", no telão, por documentários e músicas de duas manias da época: os símbolos culturais Elvis Presley e The Beatles.
Opinião
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