Em 23 de outubro do ano passado, as lideranças de Honda e Nissan anunciaram que pretendem se fundir em uma única empresa holding a partir de agosto de 2026. Até lá, as duas montadoras japonesas darão passos em direção à junção financeiras das operações. No entanto, ainda não se sabe como isso impactará a Aliança Renault-Nissan, enquanto a Mitsubishi, terceira empresa da aliança, ainda avalia se entrará na fusão com a Honda.
A Nissan não esconde que está em crise, com vendas em baixa globalmente, mas a Honda ainda não esclareceu suas motivações para se juntar à conterrânea, uma vez que suas linhas no mundo inteiro competem entre si. Por outro lado, agências internacionais de classificação de risco já estão vendo a situação como positiva para as empresas.
Honda CR-V
Em comunicado, a Agência Moody's declarou que "a integração tem o potencial de ser positiva para ambas as empresas em termos de crédito, se for bem-sucedida. No entanto, acreditamos que a Nissan será a mais beneficiada do ponto de vista de crédito, enquanto a Honda enfrentará mais riscos devido ao seu perfil de crédito mais forte".
"De forma geral, acreditamos que uma maior escala através da integração resultará em uma qualidade de crédito mais robusta, especialmente para a Nissan, que atualmente possui métricas de crédito significativamente mais fracas do que a Honda."
De acordo com o relatório da Moody's, a integração de negócios criará a terceira maior montadora do mundo em volume. No exercício fiscal de 2023, encerrado em 31 de março de 2024, a Honda vendeu 4,1 milhões de unidades, enquanto a Nissan vendeu 3,4 milhões de unidades. Um total combinado de 7,5 milhões de unidades colocaria a empresa integrada atrás apenas das maiores montadoras do mundo, Toyota Motor Corporation (11,1 milhões) e Volkswagen Aktiengesellschaft (9,2 milhões). A possível adição da Mitsubishi Motors Corporation, pode elevar o volume combinado para cerca de 8,5 milhões de unidades.
Na avaliação da agência Honda e Nissan têm uma sobreposição significativa em suas regiões de vendas, e a integração de negócios provavelmente não ampliará significativamente a diversificação geográfica de suas vendas de automóveis. No entanto, em termos de lucro e fluxo de caixa, a altamente lucrativa divisão de motocicletas da Honda continuará a sustentar a empresa combinada.
Foto de: Honda
Divisão de motocicletas da Honda é a mais lucrativa da marca, especialmente na Ásia
A integração será mais positiva para o crédito da Nissan do que para a Honda. A Honda é mais sólida em termos de crédito, refletindo um histórico melhor de lucro e fluxo de caixa estáveis, estratégia de gestão e diversificação para além do setor automotivo, em motocicletas.
No entanto, a Moody's expôs algumas preocupações com a fusão de Honda e Nissan: "A divisão automotiva da Honda não possui muita margem para absorver o desempenho deficitário da divisão automotiva da Nissan, que registrou prejuízo no primeiro semestre do exercício fiscal de 2024. Custos adicionais relacionados à fusão também podem enfraquecer o perfil de crédito da Honda".