Exclusivo: conhecemos os Omoda & Jaecoo, que chegam ao Brasil até março

há 3 horas 2

A partir do mês que vem, serão abertas as primeiras concessionárias brasileiras do grupo Omoda & Jaecoo (O&J), que representa as marcas premium do grupo Chery internacionalmente. Já se fala em 50 lojas exclusivas, em 40 cidades do país, e até em uma linha de montagem de CKDs em Jacareí (SP), na antiga fábrica dos Chery Arrizo 5 e Tiggo 3x, fechada desde 2022. 

Enquanto esse momento não chega, fomos a uma loja em Montevidéu (URU) examinar de perto os modelos Omoda e Jaecoo que são vendidos por lá desde o ano passado. É aquela coisa: tudo o que chega ao Brasil estreia no Uruguai primeiro...

Jaecoo 6 

Começamos nossa visita pelo Jaecoo 6 EV. Mas, antes, cabe uma explicação: na China, o grupo Chery tem dez submarcas — uma dessas divisões é a iCar, focada em veículos elétricos. Segundo o fabricante, esse “i” vem de “inteligência, internet, inovação, inspiração e informação”. 

Apesar do nome em comum e do fato de ser elétrico, aquele pequeno Caoa Chery iCar —  que foi vendido no Brasil entre 2022 e 2023 como “a pequena maravilha do mundo” — não faz parte da linha iCar chinesa. Lá, o minicarro é chamado simplesmente de Chery eQ1, sendo mais conhecido pelo apelido Xiao Máyi (“formiguinha” em chinês).

Pois bem… Jaecoo 6 EV é o nome de exportação do utilitário elétrico iCar 03, também chamado de Chery eQ3 em alguns mercados. Nesse “badge engineering”, a frente do carro vendido no Uruguai traz um grande letreiro JAECOO — só que uma das maiores bossas de estilo do J6 EV são os piscas dianteiros e as lanternas traseiras que replicam o logotipo em “i” da iCar. Assim, apesar da troca de marca, as letras “i” continuam a ornamentar o carro. 

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Justamente pelo design, o Jaecoo 6 EV foi, disparado, o modelo que mais nos impressionou no showroom em Montevidéu. De lado, o utilitário lembra o atual Defender 110, só que mais compacto, com 4,34 m de comprimento (nisso empata com o Caoa Chery Tiggo 5X). Parece um carro bem maior, especialmente por dentro, graças ao entre-eixos de 2,71 m (equivalente ao do Tiggo 8). Coisas de carro elétrico.

As formas retilíneas com cantos arredondados, a ausência de grade dianteira e o já citado desenho das luzes dianteiras e traseiras dão ao SUV um jeitão limpo e bem resolvido. O Jaecoo 6 EV traz ainda um grande teto panorâmico deslizante.

O acabamento chama a atenção pelo capricho, com materiais de excelente qualidade. Os bancos dianteiros são muito confortáveis e têm ajustes elétricos. Gostamos também do diâmetro e forração do volante, ligeiramente achatado no topo e na base. A direção, de tão leve, sequer parece estar conectada às rodas. Sobra espaço para quem vai no banco de trás. 

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

A tampa do compartimento de bagagem se abre ao estilo porta de armário, da esquerda para a direita (como no Defender e no Suzuki Jimny). Mesmo sem um estepe, o compartimento é pequeno bem raso, dada a posição do motor traseiro e do inversor. Ao menos há um “frunk” sob o capô dianteiro.

Quando se liga o carro, ouve-se uma musiquinha suave. Como todo carro elétrico, o J6 tenta impressionar pelas telas. Incomoda o fato de não haver botões físicos para nada. Até para acender os faróis é preciso usar a tela multimídia sensível ao toque. 

O modelo estreou uma plataforma no grupo Chery (chamada  i-MS) e tem muitos elementos de alumínio tanto em sua estrutura quanto na suspensão, que é do tipo McPherson na dianteira e multibraço na traseira.

No Uruguai, o Jaecoo 6 é vendido em duas versões. A básica 4x2 tem um motor traseiro de 184 cv e 22,4 kgfm e bateria de 65,69 kWh, com autonomia de 363 km pelo ciclo WLTP.

Já a versão topo de linha, com tração integral, sita iWD, tem um motor em cada eixo, com potência combinada de 279 cv (e torque de 39 kgfm). Sua bateria de 69,77 kWh permite alcançar 356 km (WLTP), segundo o fabricante.

No Uruguai, o Jaecoo 6 EV 4x2 sai por US$ 43 mil, enquanto a versão com tração integral sai por US$ 47 mil. Como referência, o J6 mais simples custa 7,5% a mais que o rival BYD Yuan Plus, um carro que no Brasil sai por R$ 235.800.

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Jaecoo 7

Jaecoo 7 PHEV

Se o Jaecoo 6 lembra um Defender em escala reduzida, o Jaecoo 7 está mais para um Evoque crescido e “bombadão”. A linha de cintura alta e as maçanetas embutidas gritam Range Rover, mas  repare como a enorme grade de frisos verticais e os para-lamas traseiros, que simulam saídas de ar verticais, deixam o modelo chinês com um ar mais agressivo que seu inspirador britânico… 

Vendido na China como Chery Tansuo 06, o J7 será o primeiro modelo com a marca de exportação Jaecoo a estrear no Brasil. Sua base, aliás, já é bem conhecida em nosso mercado: trata-se da mesma plataforma do Caoa Chery Tiggo 7 (até o entre-eixos, de 2,67 m, é idêntico), com suspensão dianteira MacPherson e a traseira multilink. O Tiggo 5x e o Tiggo 8 também adotam essa arquitetura TX1, porém com entre-eixos distintos.

Há, contudo, uma grande diferença entre esses primos-irmãos. Enquanto o Tiggo 7 chegava ao Brasil como modelo 100% a combustão ou híbrido leve, recebendo o PHEV apenas agora, o Jaecoo 7 é um híbrido plug-in. Seu motor a gasolina é um quatro cilindros de 1,5 litros turbo, porém diferente do que é usado no Caoa Chery. 

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Jaecoo 7

Para começar, trabalha no ciclo Miller, que deixa as válvulas de admissão abertas por mais tempo do que o normal, reduzindo a pressão na câmara de combustão. Os esforços são reduzidos, a economia aumenta e as emissões caem. A perda de potência é parcialmente contrabalançada com o turbo. Em resumo: o ciclo Miller é o mesmo que um ciclo Atkinson, só que com sobrealimentação.

O motor a combustão do Jaecoo 7 tem injeção direta e rende 142 cv. Vai acoplado a um motor elétrico, também dianteiro, de 204 cv. Juntos, rendem impressionantes 346 cv de potência e 53,5 kgfm de torque.

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Jaecoo 7

Esse PHEV só tem tração nas rodas dianteiras — em outros mercados há uma versão 100% a combustão, com motor 1.6 turbo e tração integral. O forte do J7 PHEV é sua autonomia. Com tanque de 60 litros cheio e a bateria de bateria de fosfato de ferro-lítio de 18 kWh totalmente carregada, o modelo teoricamente pode rodar 1.200 quilômetros antes de parar no posto. Em modo totalmente elétrico, esse SUV pode percorrer 90 km (ciclo WLTP). 

Em termos de espaço interno, o J7 nem é tão maior que o J6. Leva vantagem no porta-malas (340 contra 264 litros), já que não há um motor ali atrás. Tampouco há estepe, o que certamente não agradará a muitos motoristas brasileiros.

Enquanto o J6 tem uma tela multimídia horizontal de 15,6", o J7 tem uma tela vertical de 14,8". A forração imita couro, com material de aparência superior à de qualquer carro nacional (talvez só as Rampage topo de linha lhe façam frente). 

Como no Jaecoo 6, há muitos itens de conforto e segurança: cruise control adaptativo, assistente de permanência na faixa, assistente para trânsito congestionado, alertas de colisão frontal e traseira, freio autônomo de emergência, câmeras de 360º, áudio da Sony com oito alto-falantes… A lista é longa e tudo é de série.

No Uruguai, o Jaecoo 7 é vendido por US$ 55 mil — ou 10% mais caro que o BYD Song Plus PHEV (rival que, no Brasil, custa R$ 300 mil). 

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Omoda 5


OMODA 5 230T

Depois de conhecer de perto os caprichados modelos da Jaecoo, ver o Omoda C5 230T chega a ser um anticlímax, já que o modelo é um híbrido leve. Dos três modelos expostos na concessionária, o Omoda C5 é o mais comum nas ruas de Montevidéu. Seu lançamento no Uruguai aconteceu em abril do ano passado, 7 meses antes da chegada dos Jaecoo. No Brasil, o modelo se chamará apenas Omoda 5, sem o “C”.

O nome O-môdá poderia ser traduzido do chinês como “Oh, super!”. E o C5, lançado em 2022,  foi o primeiro modelo produzido com a marca Omoda. Na China, hoje é vendido como Chery Tiggo 5x High Energy. 

A grade sem moldura ocupando boa parte da dianteira é o que mais chama a atenção — o desenho que vimos no Uruguai chegará um pouco diferente ao Brasil, já que recentemente houve um ligeiro retoque de estilo na frente.

De resto, temos uma carroceria de crossover. Com 4,40 m de comprimento, o C5 parece maior de perto do que na frieza dos números. São 2,63 m de entre-eixos, como no Tiggo 5x, com quem o Omoda compartilha a plataforma. 

Atrás, há um certo exagero na simulação de quatro bocas de escape. O motor é o 1,5 litro turbo (146 cv, na versão só a gasolina vendida no Uruguai, ou 150 cv na versão flex, com etanol) e vai associado a um motor elétrico de 10 cv e um câmbio CVT de nove marchas virtuais. Só há tração dianteira. Em resumo: é o mesmíssimo conjunto que já conhecemos nos Caoa Chery Tiggo 5x, Tiggo 7 e Arrizo 6 híbridos leves hoje à venda no Brasil. 

Como o Omoda C5 pesa 90 quilos a menos que o Tiggo 5x, pode-se ter uma ideia de seu bom desempenho. Há uma versão elétrica (E5), mas não havia nenhum exemplar na loja em nossa visita. E já se fala em um C5 híbrido pleno, muito mais econômico que o atual “mild-hybrid”. Não faltam opções na prateleira da Chery.

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Omoda 5

O melhor da cabine são os bancos dianteiros, com um desenho quase esportivo — ao mesmo tempo, são  largos, confortáveis e têm até ventilação/aquecimento. Há ajustes elétricos mas, mesmo na posição mais baixa, o motorista ainda se senta no alto, à moda SUV. A grande inclinação da vigia prejudica a visão para trás. Enquanto nos Jaecoo o seletor da transmissão vai numa alavanquinha na coluna de direção, no Omoda C5, o comando está no console..

O carro é bem espaçoso para seu tamanho. No banco traseiro só há conforto para dois já que, na parte central, há um ressalto para o apoio de braço. O assoalho é liso, porém muito alto. O acabamento do Omoda não chega a ter o padrão dos Jaecoo 6 e 7, mas é bastante bom se comparado ao da maioria dos carros brasileiros. Com mais partes macias ao toque do que de plástico duro, é equivalente ao que conhecemos nos Caoa Chery Tiggo 7, por exemplo.

Jaecoo 6, Jaecoo 7 e Omoda 5 no Uruguai

Foto de: Jason Vogel

Omoda 5

Como nos Jaecoo, o porta-malas é raso e pouco espaçoso (360 litros). Ao menos, a tampa tem acionamento elétrico e há um estepe de uso temporário.

Um dos pontos fortes, como nos Jaecoo é o pacotão de ADAS e itens de conforto de série: ACC, alerta e assistente de permanência em faixa, alerta traseiro de tráfego cruzado, controle automático de luz alta, saídas de ar e USB para os passageiros de trás etc etc.

No Uruguai, esse “Tiggo 5x hatch” mais caprichado sai por US$ 34 mil — ou 80% do valor de um  Toyota Corolla Cross XEi híbrido por lá. 

Agora é esperar os preços no Brasil.

VEJA EM NOSSO YOUTUBE

Leia o artigo completo