Recentemente, diversas empresas do grupo Dongfeng Motor Corporation, incluindo Dongfeng Motor Group e Dongfeng Honda, e do China South Industries Group (CSGC), controlador da Changan Motors, anunciaram que estão em discussões sobre uma possível reestruturação com outras empresas estatais chinesas.
Apesar dos anúncios simultâneos, as empresas enfatizaram que a reestruturação não alteraria a propriedade corporativa, embora alguns acionistas controladores possam mudar. O controle final continuará com a Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais do Conselho de Estado (SASAC), entidade governamental responsável pelas empresas estatais chinesas.

Foto de: Dongfeng
Nammi by Dongfeng
A iniciativa gerou especulações no setor automotivo sobre a possibilidade de fusão entre Dongfeng e Changan. Caso ocorra, a nova entidade combinada pode ultrapassar 4,5 milhões de veículos vendidos anualmente, superando a BYD em volume de vendas.
Essa possível fusão está alinhada com os esforços da SASAC para otimizar empresas estatais e reduzir a concorrência interna. O objetivo é impulsionar a especialização e tornar as companhias mais eficientes. No entanto, uma fusão completa enfrentaria desafios significativos, pois Dongfeng e Changan possuem estruturas de propriedade distintas. Enquanto a Dongfeng opera como uma empresa estatal independente, a Changan é controlada pelo CSGC, que atua nos setores de munições, eletrônicos e automóveis.

Dongfeng Nano Box
Além disso, ambas as montadoras possuem um histórico de marcas fortes e sobreposições em suas linhas de produtos, o que poderia gerar competição interna. A integração das estruturas de gestão e o redesenho do capital também representam desafios.
Há especulações de que o objetivo final pode não ser uma fusão total, mas sim um modelo de aliança estratégica. Isso permitiria a cooperação em áreas como pesquisa e desenvolvimento, cadeia de suprimentos e expansão internacional, sem comprometer a independência das marcas. O modelo poderia seguir o exemplo da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que reduz custos, mas preserva a identidade de cada empresa.

Changan C385
Em 2024, tanto Dongfeng quanto Changan não atingiram suas metas de vendas.
- Changan Auto: Almejava vender 2,8 milhões de veículos, mas registrou 2,68 milhões, um crescimento de 14,79% em relação ao ano anterior. Para 2025, a meta é 3 milhões de unidades, incluindo 1 milhão de veículos eletrificados e 1 milhão de exportações.
- Dongfeng Group: Projetava 3,2 milhões de vendas, mas fechou o ano com 1,89 milhão, uma queda de 9,2% em relação a 2023. Para 2025, pretende vender 3 milhões de unidades, sendo 1 milhão de elétricos e 500 mil exportados.
A Dongfeng enfrenta dificuldades principalmente com suas joint ventures. As vendas da Dongfeng Nissan e Dongfeng Honda caíram 12,7% e 29,2%, respectivamente. Em contrapartida, os veículos elétricos de suas marcas próprias foram responsáveis pelo crescimento da empresa.
A reestruturação em curso não impacta imediatamente a produção e as operações diárias das montadoras. No entanto, reflete a pressão sobre as empresas estatais para se tornarem mais eficientes e competitivas, em meio à concorrência acirrada no setor automotivo chinês. Enquanto empresas privadas como BYD e Huawei expandem sua presença global, as estatais chinesas buscam novas estratégias para se manterem relevantes no mercado de veículos elétricos.

Foto de: Changan
Avatr 11
Além da reestruturação na China, a Changan se prepara para iniciar suas operações no Brasil em breve. A linha de veículos elétricos Avatr tem sido flagrada no país, sinalizando sua entrada no mercado local. A Changan também pode trazer outros modelos ao Brasil, aproveitando o crescimento do segmento de eletrificados.
A evolução dessas negociações entre Dongfeng e Changan será um fator determinante para o futuro do setor automotivo chinês e global. O mercado acompanhará de perto os próximos desdobramentos dessa possível reestruturação e seus impactos na competitividade das empresas estatais chinesas.