A gigante chinesa de baterias CATL, conhecida por liderar o mercado global de baterias para veículos elétricos, foi recentemente incluída na lista negra do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A decisão classifica a CATL como uma "empresa militar chinesa", levantando preocupações sobre possíveis impactos no setor automotivo e nas relações comerciais entre os dois países.
A CATL, ou Contemporary Amperex Technology Co. Limited, é atualmente o maior fabricante de baterias para veículos elétricos do mundo. Em 2024, aproximadamente 37% dos veículos elétricos vendidos globalmente utilizavam baterias da empresa. Marcas renomadas como Tesla, Volkswagen, Toyota, BMW, Honda e Ford estão entre seus clientes.
Além de dominar o mercado, a CATL tem impulsionado inovações importantes, como o desenvolvimento de plataformas de baterias que oferecem autonomias superiores a 1.000 km e estações de troca de baterias mais eficientes. Em parceria com a Stellantis, a empresa também está construindo uma fábrica de baterias na Espanha, confirmando sua expansão internacional.
A inclusão da CATL na lista negra dos EUA ocorre em meio a tensões crescentes na relação comercial entre Washington e Pequim. A medida, que faz parte de uma estratégia do governo americano para combater a “fusão militar-civil” promovida pela China, sinaliza um endurecimento das políticas comerciais, especialmente com o retorno de Donald Trump à presidência.
Nova fábrica de células de bateria CATL na Turíngia, Alemanha
Segundo o comunicado do Departamento de Defesa dos EUA, essa lista busca identificar empresas que possam estar ligadas, direta ou indiretamente, a iniciativas militares chinesas. A inclusão da CATL abre espaço para que o governo americano tome medidas adicionais, como restrições comerciais, afetando a capacidade da empresa de atuar no mercado norte-americano.
Em resposta, a CATL negou categoricamente qualquer envolvimento com atividades militares. A empresa classificou a decisão como um erro e anunciou que buscará diálogo com o Departamento de Defesa dos EUA para reverter a situação. Além disso, a CATL sinalizou que pode tomar medidas legais para proteger sua reputação e interesses comerciais.
No entanto, o impacto da decisão já começa a ser sentido. As ações da CATL caíram 3% após o anúncio, e empresas americanas, como a Panasonic Energy, estão acelerando esforços para reduzir sua dependência de componentes chineses na fabricação de baterias.
Essa decisão pode trazer consequências significativas para o setor automotivo global. Os Estados Unidos, buscando fortalecer sua cadeia de suprimentos doméstica, podem aumentar incentivos para fabricantes locais de baterias, como a Tesla. Por outro lado, os custos de produção de veículos elétricos no país podem subir, caso tecnologias avançadas da CATL fiquem inacessíveis.
Para a CATL, a medida representa um desafio em um de seus mercados mais importantes. Embora o impacto direto nas receitas seja limitado, a reputação da empresa pode sofrer danos, especialmente entre montadoras norte-americanas que buscam se afastar de riscos políticos.