Audi admite: a qualidade já foi melhor antes

há 1 mês 9

Desde meados da década de 1990, a Audi tem sido sinônimo de qualidade impecável em acabamento e materiais como poucas marcas no mercado. Esse compromisso estabeleceu as bases para sua ascensão, deixando para trás a imagem de um fabricante discreto e pouco expressivo para se tornar uma referência premium, ao lado de Mercedes e BMW. No entanto, essa reputação começou a se desgastar nos últimos anos.

Por um lado, isso se deve ao caos gerencial recente, com constantes mudanças na liderança de desenvolvimento, resultando em atrasos significativos no lançamento de modelos essenciais.

Essa defasagem já começou a ser resolvida, com a Audi apresentando seis novos modelos apenas no último ano: A6 e-tron, Q6 e-tron, A5 Sedan, A5 Avant, além do Q5 SUV e Q5 Sportback. Em breve, haverá ainda a nova geração do A6 Avant com motorização a combustão.

Embora o portfólio tenha sido reforçado, um olhar mais atento aos novos modelos revela um problema ainda maior: a qualidade dos materiais nos interiores do A6 e-tron, Q5 e outros modelos decepciona em diversos aspectos — um choque para muitos clientes da marca.

Audi Q5 (2024)

Foto de: Audi

Audi Q5 (2024): Plástico pintado em vez de superfícies metálicas na porta do Q5

Audi A5 Avant (2024)

Foto de: Audi

Audi A5 Avant (2024): Tela emoldurada de alta qualidade, mas pontos fracos nos materiais que não são diretamente visíveis

Não se trata apenas do que se vê e toca de imediato — à primeira vista, tudo ainda parece bem executado. O problema está nos detalhes menos aparentes. O plástico rígido dos painéis das portas e do porta-luvas tem uma textura simples demais, algo impensável há alguns anos. Além disso, as peças plásticas pintadas de forma descuidada ao redor do puxador da porta e do console central tendem a desgastar rapidamente, comprometendo a estética a longo prazo. Molduras cromadas? Peças metálicas robustas? Nada disso.

Se antes os interiores da alemã transmitiam a sensação de solidez, hoje as economias ficam evidentes, tanto visual quanto acusticamente. Um corte de custos arriscado, especialmente considerando os preços bastante elevados da marca. Pelo menos, os responsáveis parecem ter percebido o problema.

Durante o evento de lançamento do novo Q5, Oscar da Silva Martins, chefe de comunicação de produto e tecnologia da Audi, fez uma rara autocrítica pública. Questionado sobre a qualidade dos novos modelos, ele admitiu: "Certamente já fomos melhores nesse aspecto, mas vamos recuperar esse padrão." Acrescentou ainda que as expectativas dos clientes e da imprensa podem ter sido subestimadas e reconheceu que a marca pode ter economizado nos pontos errados.

Declarações como essa são incomuns na indústria e merecem reconhecimento. Outros executivos da marca também indicaram que melhorias estão a caminho. A tendência de materiais simplificados deve desaparecer, no máximo, com os facelifts dos modelos mais recentes, e há esperança de que os próximos lançamentos já tragam essa correção.

Audi Q5 (2025) Stefan Wagner

Foto de: Audi

Stefan Wagner no novo Audi Q5 (2025)

Para ser justo, a Audi não é a única a enfrentar esse problema. A Mercedes-Benz também viu a qualidade de seus interiores cair nos últimos anos, sem qualquer promessa de melhora até agora. A BMW, por outro lado, passou por um declínio semelhante no início da década de 2010 com o Série 3 (F30), mas desde então tem buscado recuperar seu padrão.

Nos bastidores da indústria, comenta-se que as regulamentações cada vez mais rígidas sobre emissões, segurança veicular, segurança cibernética e homologação estão elevando os custos de desenvolvimento, forçando cortes em outras áreas. No entanto, para as fabricantes premium alemãs, sacrificar a qualidade — um dos seus principais diferenciais — pode ser um erro estratégico. Resta saber quais serão os próximos passos da Audi.

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