No Deu Tilt desta semana, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes, o assunto foi a controversa presença de crianças no mundo conectado.
Maria conta que o Instituto Alana, organização que atua na promoção dos direitos de crianças e adolescentes, identificou a atuação de influenciadores mirins de 6 anos fazendo publicidade de cassino online no Instagram. Primeiro, a organização reuniu evidências e denunciou o caso para a plataforma.
Sabe qual foi a resposta? Este conteúdo não fere as diretrizes da comunidade
Maria Mello
A atitude ocorreu ainda que as redes sociais não permitam usuários com menos de 13 anos. Diante disso, o jeito foi denunciar a situação ao Ministério Público de São Paulo.
É o pior dos mundos. Estamos falando que as plataformas estão permitindo que, primeiro, crianças estejam lá --o que já vai contra a sua [própria] política; e aí tem crianças fazendo publi de casino online para outras crianças
Diogo Cortiz
A coordenadora do Instituto Alana lembra que, fora das redes sociais, crianças, ainda mais as de 6 anos, não poderiam fazer publicidade desse tipo, a não ser que cumprissem diversas regras.
As redes sociais não são meros túneis por onde circulam esses conteúdos. Elas modulam, moderam e direcionam esse conteúdo. Ampliam ou diminuem esse conteúdo dependendo de quanto dinheiro você coloca nelas. E precisam ser responsabilizadas por esse tipo de conteúdo
Maria Mello
Há um movimento crescente no exterior para criar leis que estabeleçam maior rigidez sobre a relação entre crianças e redes sociais, conta Maria Mello.
As plataformas sabem tudo que nossas crianças fazem, e a gente não sabe o que elas fazem. Eu sei que é um debate que não é simples. Não existem respostas fáceis para questões complexas como essas, mas a gente precisa acessar minimamente o que as plataformas fazem com nossas crianças e adolescentes, e isso só uma lei vai garantir
Maria Mello
A culpa é nossa? Crianças confiam mais em robôs
Será possível que crianças dêem mais moral para o que um robô diz do que para o que os pais dizem? Pode não ser um cenário global, mas pesquisadores da Austrália, Alemanha e Suécia chegaram à conclusão que crianças de 3 a 6 anos confiam mais em máquinas do que em seres humanos.
Como fizeram isso? Eles mostraram vídeos para as crianças onde eram exibidos objetos do cotidiano e a descrição era dada por humanos e robôs [de forma intercalada]
Helton Simões Gomes
Durante a pesquisa, continua Helton, tanto robôs quanto humanos cometiam erros, mas as crianças sempre tendiam a confiar nas máquinas. Esse foi o assunto do "Arrasta pra cima", quadro do podcast Deu Tilt em que os apresentadores imaginam a vida como se ela fosse uma rede social —se curtem, vão de "like"; se não gostam, vão de "arrasta pra cima". Apresentado por Helton e Diogo Cortiz, o programa recebeu Maria Melo, coordenadora do Instituto Alana.
Como rede social espreme seu filho
As redes sociais dizem não permitir a entrada de menores de 13 anos, mas basta uma voltinha por qualquer um desses sites para flagrar gente com essa idade por lá. Enquanto isso, essas plataformas espremem os baixinhos por informações. Tanto é que, até a idade permitida, crianças e adolescentes nesses já tiveram 70 milhões de dados coletados, indica uma pesquisa.
Estamos falando de uma geração que vai ter a vida inteira 'datificada'. É muito dado. Nenhum de nós aqui passou ou passará por este tipo de situação
Maria Mello
O novo episódio de Deu Tilt discute os impactos de crianças que crescem imersas na internet e nas redes sociais.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo às 15h.