"É um caso que poderia ter sido evitado. Quando os pilotos vão decolar, recebem o Notam (aviso aos aeronavegantes, da sigla em inglês), que traz um monte de informações operacionais ao piloto. Se você vai fazer um voo de 12, 13 horas [caso do MH17, que saiu de Amsterdam para Kuala Lumpur], esse Notam é um calhamaço. Uma das informações que tinha era que aquela era uma zona de conflito a ser evitada. Essa notícia acabou escapando do piloto", lamentou Febeliano.
Em junho de 2019, investigadores holandeses acusaram três russos e um ucraniano como responsáveis por abater o avião. Nenhum deles representava, oficialmente, as forças armadas dos dois países.
Um caso que tem mais semelhanças com o que ocorreu no Irã —se confirmado que a queda ocorreu por conta de um míssil— também teve como principais envolvidos americanos e iranianos. Em 1988, um navio da marinha dos Estados Unidos derrubou um voo comercial da Iran Air, que voava de Teerã para Dubai, no Estreito de Ormuz.
O motivo pelo qual mísseis antiaéreos foram lançados é disputado entre os dois países. Americanos afirmam que a tripulação do navio identificou, erroneamente, o avião comercial como um jato de combate, enquanto iranianos acusaram que foi um ato negligente da marinha. 290 pessoas morreram com a queda do Airbus A300.
A identificação de aviões é feita por um equipamento chamado transponder, usado em aeronaves civis e militares. Ele gera um código ao se comunicar com o radar de controle de tráfego aéreo, que passa a ser a identidade do veículo. Aviões militares podem desligar o transponder quando estão em missões, mas os civis, não.
Há a possibilidade do equipamento apresentar problemas, mas Febeliano explica que isso é pouco provável. Analisando o caso de 1988, o especialista afirma que houve um erro por parte dos americanos, que deveriam "ter percebido que era um avião civil, mas não tinham a informação completa".