Antes do Copom, taxa de chutes sobre rumos da Selic está em alta forte

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Na definição da marcha da Selic, contudo, as apostas estão mais "desancoradas". A pesquisa econômica do Itaú, por exemplo, fecha com 11,75% — juntando à previsão majoritária —, mas a do Bradesco projeta Selic a 11,25% no fim do ano, enquanto BofA (Bank of America) avança para 12% e JP Morgan estima que a taxa básica chegará a 11,5%, a mesma esperada pelo Santander.

Um sinal de que, entre os analistas, reina mais incertezas do que o normal, é que, apesar da convicção geral de que os juros vão começar a subir aqui e a cair, nos Estados Unidos, que também decide nesta quarta-feira o nível das taxas dos Fed funds — a taxa básica nos Estados Unidos —, as curvas de juros futuros, nos dois mercados, estão inclinadas para cima, nesta terça-feira (17). Altas dos juros futuros indicam que o mercado espera taxas mais altas do que sinalizam as expectativas

Mesmo quem considera que não seria necessário subir a Selic agora em setembro reconhece que o Copom iniciará um roteiro de altas. É o caso do economista José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, o mesmo no qual o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado à presidência do BC por Lula, foi presidente por quatro anos.

Com grande experiência no mercado, Gonçalves vê "um balanço incerto entre fatos e ideologia", nas avaliações em torno dos rumos da política de juros. O economista nota que apostas sobre a decisão do Copom de setembro não escondem que permanece a desconfiança de parte do mercado em relação ao compromisso de Galípolo com a convergência da inflação para o centro da meta. Apesar de todas as indicações dadas por Galípolo de que não será leniente com a inflação, "como nos filmes, o novato tem de dar um tiro no cadáver para passar a ser parte da família", como escreve o Gonçalves, em relatório a clientes.,

Vêm dessas desconfianças, inspiradas na atuação duramente criticada de Alexandre Tombini, na presidência do BC, no governo de Dilma Rousseff, alguns dos argumentos para que o ciclo de altas da Selic comece com uma elevação de 0,5 ponto.

De acordo com essa interpretação, Galípolo defenderia e negociaria com os colegas do Copom uma subida mais forte da taxa básica como forma de "atirar no cadáver". Também tentaria inclinar o colegiado a uma elevação mais acelerada da Selic, para deixar com seu antecessor, Roberto Campos Neto, que deixa o cargo no último dia de 2024, o ônus da alta mais pesada. Corre ainda a narrativa de que, à moda de um Maquiavel da política monetária, Galípolo faria o "mal" logo e de uma vez.

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