Terapias digitais e gamificação para estimulação cognitiva em idosos

há 3 dias 1

Algumas atividades desafiam o usuário a realizar tarefas cotidianas de formas não usuais, como utilizar o mouse com a mão não dominante, expandindo redes neurais de maneira inovadora

Freepik

Avós aprendendo a usar a tecnologia

Gamificação pode melhorar a atenção, fortalecer a memória de curto prazo e aprimorar habilidades de resolução de problema

<?xml encoding="UTF-8">

Na fascinante jornada do envelhecimento, nosso cérebro continua a surpreender com sua incrível capacidade de adaptação, conhecida como neuroplasticidade. Mesmo em idades avançadas, temos a habilidade de formar novas conexões neuronais e fortalecer as já existentes. Nesse movimento constante, as terapias digitais e a gamificação surgem como aliadas inovadoras para estimular a cognição dos idosos.

Como psicóloga e neurocientista, vejo nos jogos digitais uma poderosa ferramenta para engajar e desafiar a mente. Pense em jogos que envolvem quebra-cabeças, desafios de memória e lógica. Um exemplo é um jogo no qual o jogador combina pares de cartas, exercitando a memória visual e espacial. Ou palavras cruzadas digitais que se adaptam ao nível do jogador, desafiando vocabulário e agilidade mental. Existem também jogos de estratégia, como o famoso “Torre de Hanói”, em que o usuário precisa mover discos entre torres virtuais utilizando o mouse ou toques na tela. Esses jogos não apenas promovem o exercício mental, mas também melhoram o bem-estar emocional dos usuários, mantendo a motivação sempre elevada.

As neuróbicas — exercícios desenvolvidos para estimular diferentes áreas do cérebro — oferecem soluções ainda mais interativas. Algumas atividades desafiam o usuário a realizar tarefas cotidianas de formas não usuais, como utilizar o mouse com a mão não dominante, expandindo redes neurais de maneira inovadora. Além disso, o uso de óculos 3D para práticas de meditação ou “caminhadas” virtuais por ambientes ao ar livre, como praias e parques, assim como jogos com Kinect, ampliam a experiência sensorial e cognitiva.

Um grande trunfo das terapias digitais é a personalização. Os jogos são ajustados para atender às necessidades e habilidades de cada idoso, garantindo que todos possam participar e se beneficiar. Essa adaptabilidade torna a terapia não apenas inclusiva, mas também mais eficaz.

Pesquisas iniciais indicam que a gamificação pode melhorar a atenção, fortalecer a memória de curto prazo e aprimorar habilidades de resolução de problemas. Além disso, contribui para um humor mais positivo e um aumento na autoconfiança dos idosos, impactando diretamente sua qualidade de vida.

Com essas promessas, é essencial incorporar terapias digitais aos modelos tradicionais de cuidado cognitivo. Essa combinação de inovação e tradição oferece uma abordagem abrangente e eficaz para enfrentar os desafios do envelhecimento.

A gamificação e as terapias digitais representam um novo horizonte na neuropsicologia do envelhecimento, trazendo esperança renovada para um envelhecimento ativo e saudável. À medida que a tecnologia avança, espera-se um leque ainda maior de opções, promovendo uma saúde cognitiva robusta para nossos idosos.

Mariângela Gamba Maestri
Neuropsicóloga/Neurocientista CRP 08.14128

Leia o artigo completo