Surto de sarampo deixa 2 mortos e mais de 200 doentes nos EUA

há 19 horas 2

Um surto de sarampo que vem se espalhando no sudoeste dos Estados Unidos matou duas pessoas e infectou mais de 200, levando a agência de saúde a emitir uma advertência de viagem.

Até esta sexta-feira (7), o Texas notificou 198 casos e o Novo México, 10, o que eleva o total para 208.

Cada estado confirmou uma morte. Nenhum dos dois doentes estava vacinado. O paciente do Novo México testou positivo para sarampo em um teste realizado postumamente.

Essas são as primeiras mortes por sarampo nos Estados Unidos desde 2015.

Embora não tenha sido divulgada a causa oficial de sua morte, o CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças) dos EUA a classificou como uma morte relacionada ao sarampo.

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"Mais casos são esperados na medida em que este surto continua se expandindo rapidamente", alertou o CDC.

"Agora que se aproxima a temporada de viagens de primavera e verão no país, os centos ligados ao CDC insistem no importante papel que desempenham os médicos e os funcionários de saúde pública na prevenção da propagação do sarampo" e recomendam "atenção" aos casos que apresentem febre e erupções cutâneas.

O sarampo é altamente contagioso, e a infecção se dá a partir de gotículas respiratórias, permanecendo no ar até duas horas depois que uma pessoa infectada deixa um local.

Os principais sintomas são febre, sintomas respiratórios e erupções cutâneas, mas também pode provocar complicações graves, como pneumonia, encefalite e morte. A vacinação continua sendo a melhor proteção.

A vacina contra o sarampo, obrigatória para crianças de 12 meses em diante, confere uma imunidade para toda a vida de 93% com uma dose, que aumenta para 97% depois da segunda.

Mas as taxas de imunização diminuíram no país, devido, sobretudo, ao aumento da desinformação sobre as vacinas desde a pandemia de Covid.

Nos últimos anos, têm crescido as informações falsas espalhadas por médicos para "prevenção" do sarampo. A médica Ana Montañez está travando uma batalha difícil para convencer alguns pais que a vitamina A —apontada por críticos de vacina como eficaz para combater o vírus altamente contagioso— não protegerá seus filhos.

A pediatra de 53 anos da cidade de Lubbock está fazendo hora extra para entrar em contato com pais hesitantes em relação às vacinas, explicando os graves riscos de uma doença que a maioria das famílias norte-americanas nunca vivenciaram —e que pode ser evitada pela imunização.

Cada vez mais, no entanto, ela também tem que combater informações enganosas. Uma mãe, afirmou, lhe disse que estava dando aos seus dois filhos altas doses de vitamina A para evitar o sarampo, com base em um artigo publicado pela Children's Health Defense, o grupo anti-vacina liderado por Robert Kennedy Jr., quase uma década antes de ele se tornar a principal autoridade de saúde do presidente Donald Trump.

"Espere, o que você está fazendo? Aquilo foi um alerta vermelho", disse Montañez, em uma entrevista. "É uma comunidade próxima e acho que se uma família fizer uma coisa, todo mundo seguirá. Mesmo se eu não conseguir persuadi-los a tomar vacinas, posso pelo menos educá-los sobre desinformação".

Kennedy renunciou ao cargo de presidente da Children's Health Defense e disse que não tem poder sobre a organização, que abriu processos em tribunais estaduais e federais para contestar vacinas comuns, como a do sarampo.

A organização não respondeu ao pedido da reportagem.

Kennedy diz que a vacinação continua sendo uma escolha pessoal. Ele também exagerou evidências do uso de tratamentos como a vitamina A, segundo especialistas de saúde.

O suplemento não previne o sarampo e pode ser prejudicial às crianças em doses elevadas, segundo a Academia Americana de Pediatria. Foi demonstrado que diminui a gravidade de infecções por sarampo em países em desenvolvimento entre pacientes desnutridos e com deficiência de vitamina A, uma ocorrência rara nos EUA.

"Estou muito preocupado com as mensagens que estão sendo divulgadas", disse Jeffrey Kahn, chefe de doenças infecciosas do Hospital Infantil Children's Health em Dallas (Texas). "Para mim, é um tanto desconcertante o fato de estarmos relançando a eficácia das vacinas e das terapias alternativas. Sabemos como lidar com o sarampo. Temos seis décadas de experiência."

Andrew Nixon, porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, não respondeu às perguntas sobre a maneira como Kennedy lidou com o surto de sarampo. Mas ao comentar sobre uma morte relacionada ao sarampo no Novo México, ele disse que o CDC "recomenda a vacinação como a melhor proteção contra a infecção por sarampo".

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