Recordes da Bolsa mostram que, para o mercado, comunicação é quase tudo

há 4 meses 15

Com o alinhamento do discurso oficial, retomando alguma sintonia há tempos perdida entre as políticas fiscal e monetária, produziu o quase milagre de recuperar do otimismo numa evolução favorável da economia. Embora, na média, as projeções do Boletim Focus apontem, no momento, expansão de 2,2% para 2024, as tendências são de crescimento mais forte. Já não é difícil encontrar, entre analistas de mercado, quem aposte em alta de 3% para o PIB (Produto Interno Bruto), em 2024, em cima de avanço já forte de 2,9% em 2023.

O milagre produzido pelo ajuste da comunicação do governo só não foi o único responsável pela virada no comportamento do mercado porque fatores concretos compareceram para reforçar as altas na Bolsa e os ajustes para baixo nas cotações do dólar. A mudança do humor em relação à economia americana é, no conjunto desses fatores, o que puxa a fila.

Temores de que uma recessão estivesse a caminho, nos Estados Unidos — embalados pelo micro-crash no mercado japonês, há duas semanas —, deram lugar a uma perspectiva de pouso suave na atividade econômica. Essa nova perspectiva deu alento aos mercados. Quando a ainda maior economia se acomoda sem movimentos bruscos, todos os países, principalmente os emergentes, são beneficiados.

Além disso, e talvez mais importante, disseminou-se, mais recentemente, a convicção de que o Fed (Federal Reserve, banco central americano), iniciará finalmente em setembro um ciclo de cortes nos juros básicos de referência. Uma abertura entre as taxas de juros brasileiras e nos EUA acaba atraindo recursos externos para o mercado doméstico, auxiliando na contenção do dólar.

Se, em setembro, o Fed cortar juros e o Copom elevar a taxa básica, os vetores para atrair investidores internacionais ganham ainda mais potencial. É típico do comportamento dos aplicadores internacionais sair do mercado americano, em busca de ganhos maiores e aceitando mais riscos, em outros mercados, nos momentos em que os juros americanos entram num ciclo de cortes.

Para entender as altas recordes do momento não se pode esquecer que investidores estrangeiros respondem por mais da metade do movimento diário da Bolsa brasileira. Também é bom lembrar que a saída de recursos externos dos pregões no começo do ano passa agora por uma reversão positiva. No primeiro semestre de 2024, a fuga de recursos externos acumulou volume de quase R$ 40 bilhões. Já entre julho e meados de agosto, o aporte de dinheiro externo na Bolsa somou R$ 11 bilhões. Sinais são de que a direção do fluxo de capitais externo mudou de direção, em favor de ativos brasileiros.

Leia o artigo completo