Primeiros passos de Bill Gates, a maior biografia de Oswald de Andrade e mais notícias literárias

há 4 horas 1

Esta é a edição da newsletter Tudo a Ler desta quarta-feira (5). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:

Tudo a Ler

Receba no seu email uma seleção com lançamentos, clássicos e curiosidades literárias

Artigos diversos, estoques irrepetíveis e acervos cheios de memória são elementos essenciais de um bom sebo. Onde cada livro vem com histórias tanto em seu conteúdo quanto na trajetória das mãos pelas quais passou.

No centro de São Paulo, na praça João Mendes, um desses estabelecimentos guardiões da memória reside há 55 anos. O Sebo do Messias, o maior da capital, tem hoje um estoque estimado em 3 milhões de produtos e vende mil obras usadas por dia, a um tíquete médio de dez reais.

O editor Walter Porto conta que entrar no estoque subterrâneo do Messias se parece com cair no túnel da Alice de Lewis Carroll. São mais de 2.000 metros quadrados que guardam obras recebidas por doação ou compradas pela loja.

É um modelo de negócios complicado de estruturar, mas que deu certo. O mineiro Messias Antonio Coelho começou o negócio como um trabalho paralelo e, de uma garagem onde armazenou sua primeira coleção, ergueu a empresa que se tornou referência no ramo.

Morto em dezembro passado, Messias deixou seu negócio para as filhas e um legado cultural para a comunidade bibliófila.

A visita ao Sebo do Messias é a primeira da série História de Livraria, conjunto de reportagens da Folha dedicadas ao universo dos sebos, da venda de livros antigos e do garimpo de raridades pelo Brasil.


Acabou de Chegar

"Oswald de Andrade - Mau Selvagem" (Companhia das Letras, R$ 130, 528 págs.), de Lira Neto, apresenta duas versões do autor modernista, a que assusta e a que entusiasma. Envolvido em uma sucessão infindável de conflitos, Oswald "conhecia sua capacidade destrutiva, uma consciência tratada com o sarcasmo que sempre o acompanhou", escreve o repórter Naief Haddad.

"Como Ser Artista" (trad. Julia Lima, Seiva, R$ 69,90, 152 págs., R$ 49,90, ebook) expande um texto que Jerry Saltz primeiro publicou na revista New York. No livro, o polêmico crítico de arte americano apresenta um passo-a-passo para que o leitor se insira no campo artístico, com dicas que vão da inspiração à sobrevivência no "ninho de cobras" que é o mercado de arte. A obra, como conta a repórter Clara Balbi, é irreverente e sem rodeios como o próprio autor.

"O Primeiro Sonho do Mundo" (trad. Adriana Lisboa, Relicário edições, R$ 65,90, 184 págs.), de Anne Sibran, relata encontros fictícios entre Paul Cézanne, que sofria com transtornos de visão na vida real, e um oftalmologista. "Esse romance acabou juntando três coisas: meu amor profundo por Cézanne, o contexto histórico da industrialização na França e a corrida do ouro na Califórnia", conta Sibran à repórter Gabriela Longman.


E mais

Bill Gates acaba de publicar o primeiro livro de sua trilogia autobiográfica, em lançamento mundial. Em "Código-Fonte" (trad. Claudio Alves Marcondes, Cássio de Arantes Leite e Berilo Vargas; Companhia das Letras; R$ 79,90; 376 págs.), ele conta sua vida até a formação da Microsoft, enfatizando as vantagens que ganhou ao nascer e a influência de Gami, sua avó materna, em sua formação. O jornalista Roberto Dias, secretário de Redação da Folha, destaca também a participação de Paul Allen nesse primeiro volume. O futuro sócio de Gates foi quem previu o crescimento da capacidade de processamento dos chips e quem bolou o nome Microsoft.

Na pesquisa para a nova edição da biografia "Elis: Nada Será Como Antes", o jornalista Julio Maria obteve acesso inédito às últimas anotações que a cantora fez em vida. O Painel das Letras conta que o biógrafo teve acesso a duas cadernetas da cantora que continham planos para seu próximo disco, a agenda ideal para uma turnê e uma lista de mais de 20 músicas que queria gravar.

Em "Fundações do Pensamento Político Brasileiro" (Topbooks, R$ 104,93, 728 págs.), o pesquisador Christian Lynch sustenta que a política brasileira não é uma cópia distorcida do modelo europeu, mas uma adaptação particular. Para o cientista político Felipe Freller, o pensamento político brasileiro apresentado por Lynch parece uma espécie de câmera escura do pensamento europeu, em que as posições aparecem de ponta-cabeça.


Além dos Livros

O Jabuti Acadêmico, que reconhece produções científicas brasileiras, anunciou na última semana que a nova edição do prêmio terá uma categoria dedicada à tradução e uma regra impedindo que livros sejam inscritos em mais de uma categoria. A restrição acontece um ano após "Introdução à História da Filosofia: Volume 3", da filósofa Marilena Chaui, vencer em duas categorias.


O escritor Ricardo Lísias recorreu da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de recolher seu livro "Diário da Cadeia", publicado em 2017 pela editora Record. A defesa do autor afirma que o uso do pseudônimo Eduardo Cunha na obra é lícito e explicitado na capa do livro.


Herdeiros do cartunista belga Hergé, criador do Tintim, não querem que o primeiro quadrinho do personagem entre em domínio público nos Estados Unidos. "Tintim no País dos Sovietes" só chegou ao país americano em 1959, onde deveria continuar protegido por 95 anos.


Desde o ano passado diversas mulheres têm vindo a público acusar Neil Gaiman de abuso, assédio e coerção sexual. Nesta segunda, uma dessas mulheres, Scarlett Pavlovich, abriu um processo contra o autor e sua mulher, Amanda Palmer, com acusações como estupro e tráfico humano. Ela pede uma indenização de 7 milhões de dólares pelos abusos que sofreu enquanto era babá do filho do casal.

Leia o artigo completo