Petz e Cobasi tentam convencer o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de que a fusão entre elas não representa danos à concorrência porque seus maiores rivais são marketplaces como Mercado Livre, Shopee, Alibaba, entre outros.
A estratégia, contudo, não deve prosperar. Técnicos da Superintendência-Geral, porta de entrada dos processos, avaliam que menos de 1% das vendas desses marketplaces envolvem produtos destinados a pets.
Também consideram precipitada a iniciativa das empresas diante dos dados preliminares apresentados sobre a operação de cada uma delas.
Em poucos casos haveria concentração de 40% de mercado e, além disso, a distância entre as lojas —hoje concorrentes— é muito grande para representar riscos.
Esse parâmetro de avaliação é bastante utilizado pelo Cade nas operações envolvendo redes varejistas, como supermercados e farmácias.
Na grande maioria dos casos estudados pelo órgão, a diferença de preço entre as redes não foi suficiente para mobilizar o consumidor a deslocar para adquirir o produto.
Painel S.A.
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As duas empresas também querem ser analisadas mediante esse critério. E, por ele, não haveria grandes problemas para que o negócio fosse aprovado, ainda segundo análises prévias dos técnicos.
O caso, em fase de pré-notificação, está sendo preparado pela superintendência e deve ser concluído em mais um mês.
A transação foi anunciada ao mercado em meados de agosto em fato relevante, porque a Petz têm ações negociadas na B3.
No comunicado, elas informaram possuir 11% de participação no total do mercado pet brasileiro, muito pulverizado com lojas de bairro.
Se for aprovada da forma como está, os acionistas da Cobasi receberão 47,4% da nova companhia. Os da Petz terão 52,6% e mais R$ 400 milhões, sendo R$ 130 milhões distribuídos em dividendos.
O cofundador da Cobasi, Paulo Nassar, deve ser o CEO da nova empresa e Sergio Zimerman, hoje CEO da Petz, assumirá a presidência do conselho de administração.
As duas operações somadas contarão com 494 lojas —se o Cade não impuser a venda de alguma delas como remédio para evitar concentrações pontuais. A receita bruta anual deve girar em torno de R$ 7 bilhões. A economia de custos estimada com a fusão chega a R$ 330 milhões com as sinergias.
Com Diego Felix