Cosan e Raízen perderam metade de seu valor de mercado em um ano em boa parte devido a seu endividamento. Somente a Raízen, parceria entre Cosan e a Shell, deve fechar o ano com uma dívida financeira encostou em R$ 50 bilhões (R$ 49,7 bilhões) e, para quitá-la, seria preciso ter um caixa quase quatro vezes maior.
Levantamento da consultoria Elos Ayta mostra que, em dezembro do ano passado, a Cosan estava avaliada em R$ 36 bilhões e a Raízen, em R$ 41,6 bilhões. Juntas, somavam R$ 77,7 bilhões.
Nesta semana, elas valiam R$ 20,5 bilhões e R$ 18,9 bilhões, respectivamente. Ou seja, em um ano, perderam R$ 39,5 bilhões em valor de mercado.
A concorrente Ultrapar, controladora da Ipiranga, perdeu R$ 11,4 bilhões —passando de R$ 29,1 bilhões, para R$ 17,7 bilhões no período.
A Vibra foi a menos afetada na Bolsa, perdendo R$ 5,2 bilhões. Em 2023, ela valia R$ 25,3 bilhões e agora seus papéis somam R$ 20,1 bilhões.
A companhia precisaria ter o dobro do caixa para quitar toda sua dívida, nível considerado aceitável, segundo analistas.
Na Raízen, a dívida financeira aumentou R$ 12,7 bilhões neste ano com a emissão de US$ 1 bilhão em green notes, em setembro, para, em boa parte, honrar R$ 5,3 bilhões em compromissos.
A percepção do investidor também se explica pela situação patrimonial. De cada R$ 1 em patrimônio, a Raízen possui R$ 2,21 em dívida.
Além disso, o que poderia ser um sinal positivo para a empresa —a alta de 22,6% na receita operacional nesse intervalo entre setembro de 2023 e setembro deste ano— acabou eclipsada por um outro problema com o qual a nova diretoria terá de lidar: uma ampliação, em nível quase equivalente, do custo de venda, puxado essencialmente pelo custo de "combustíveis para revendas, matéria-prima, custos de coletas e transferências".
A alta de despesas foi de quase R$ 13 bilhões, praticamente o mesmo valor levantado pela empresa via novas captações no mercado.
Consultada, a Raízen não quis comentar.
Com Diego Felix