Participando do podcast da Nathalia Arcuri há alguns dias ela me perguntou na lata: você acha que a tecnologia evoluiu mais rápido ou mais devagar do que você esperava nos últimos três anos? Levei alguns segundos, mas respondi com convicção: evoluiu bem mais rápido do que esperava.
A razão são dois fatores importantes também para 2025: o aperfeiçoamento da inteligência artificial e da computação quântica. O maior temor dos investidores e entusiastas da IA é o chamado "muro". A ideia de que depois de um avanço tão rápido, a IA comece a estagnar: não seja mais capaz de evoluir como fez a partir de 2023.
Se o muro for verdadeiro, a bolha pode estourar. Com isso, o rio formado por centenas de bilhões de dólares investidos na tecnologia pode evaporar ou mudar de curso.
Até agora não há sinais de que o muro tenha chegado. A OpenAI anunciou o lançamento da versão o3 do GPT-4. Essa versão traz um salto chocante de performance com relação aos modelos anteriores. A forma de medir isso é curiosa.
Existe uma espécie de "exame do Enem" para as inteligências artificiais, chamado ARC-AGI. O modelo novo da OpenAI obteve a nota de 87,5% no teste. Só para dar um contexto, a nota obtida pelo GPT-3 era de 0% entre 2020 e 2023.
Em 2023 foi lançado o GPT-4, que continuou com a mesma nota: zero. Em 2024 foi lançado o modelo o1, que conseguiu um avanço impressionante: alcançou 5% no teste. E, agora, em dezembro de 2024, a nota atingida foi 87,5%. Ou seja, o muro explodiu, ao menos por enquanto.
Esse avanço vem com uma questão: o custo. Para conseguir esse resultado foi usada a estratégia chamada de "chain-of-thought" (cadeia de pensamento). Em vez de dar a solução direta, a IA "reflete" sobre as possíveis respostas e aprimora o resultado antes de entregá-lo.
Só que para isso ela leva mais tempo e consome uma capacidade computacional muito maior (mais energia, mais chips, dados e datacenters). O custo de realizar uma única tarefa chegou a US$ 20 e levou até 14 minutos.
Essa conquista, no entanto, exorcizou temporariamente o fantasma do muro para 2025. O dinheiro deve continuar a fluir nos próximos meses.
Outro feito notável foi em computação quântica, com o Google desenvolvendo o chip Willow. Esse novo processador quântico com 105 qubits conseguiu resolver em 5 minutos um problema que supercomputadores mais avançados levariam 10 septilhões de anos para solucionar.
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Ainda que para tarefas específicas, o Google conseguiu estabilizar um número significativo de qubits e ao mesmo tempo corrigir os erros que são abundantes na computação quântica.
Por fim, na área de mídias há mudanças importantes. O cabo continua em derrocada, tanto no Brasil quanto nos EUA, tendo sido superado pelo streaming (no Brasil há hoje cerca de 10 milhões de assinantes no cabo, perda de 50% em 10 anos).
Uma área que cresce com força tanto no Brasil quanto nos EUA são os podcasts. Nos EUA a receita publicitária dos podcasts deve ultrapassar US$ 2 bilhões no ano. No Brasil 31% dizem ouvir podcasts regularmente, com receitas também crescentes. Eita barulhinho bom.
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