Opinião - Adriana Fernandes: Recorde de emprego desafia Gabriel Galípolo

há 2 dias 1

A confirmação de que foram criados surpreendentes 432 mil empregos com carteira assinada no país em fevereiro (número recorde) elevou o grau de pressão para o Banco Central no combate à inflação.

O resultado do Caged, com informações sobre o total de empregados e desempregados, liga o sinal de alerta para Gabriel Galípolo, que ainda se vê às voltas com dificuldades de ancorar as expectativas de inflação e com projeções que só a colocam perto da meta de 3% no terceiro trimestre de 2027. Um incômodo para ele.

Com o novo dado, a discussão de que a economia está desacelerando perde força, tornando mais desafiador definir a dosagem de alta de juros para desacelerar a atividade econômica, sem que o remédio seja forte demais a ponto de machucar o doente além do necessário. O doente é a economia e o BC quer desacelerar o crescimento para controlar a alta dos preços.

O dado impactou o mercado nesta sexta-feira (28), que já na véspera viveu um pico de estresse com o vazamento para alguns grupos. Um sinal preocupante para o Ministério do Trabalho, responsável pelo Caged, diante da importância que o indicador passou a ter.

A sensação que fica é a de que o BC está tateando para chegar ao fim do ciclo de alta, mas a economia segue forte. No mais, só resta lamentar que um dado positivo, como o aumento do emprego, seja um problema.

O presidente do Banco Central tocou nesse tema, nesta semana, ao contar que seus colegas de outros BCs lhe questionam como é possível chegar a taxas mínimas de desemprego e ainda assim precisar de doses de juros elevadas.

A resposta de Galípolo é a de que será preciso fazer mais reformas para que o remédio dos juros funcione melhor, o que na linguagem do BC significa dizer desobstruir os canais de transmissão da política monetária. Estamos longe disso.

Se o governo atrapalhar o BC e turbinar o PIB, veremos mais juro. Essa é uma queda de braço entre Lula e a instituição. Galípolo sabe que o é momento delicado para o presidente e não vai cornetear o problema em praça pública falando mal das medidas do governo.

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