Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Após demora de 10 meses, o Governo Federal finalmente assinou a regulamentação do programa Mover — Mobilidade Verde e Inovação. Trata-se de iniciativa importante para incentivar economia de combustíveis que os proprietários de veículos poderão sentir de forma paulatina. O Mover destaca-se por introduzir o conceito mais abrangente de “fonte à roda”, ou seja, controlar emissões de CO2 desde a geração de energia (elétrica ou de fonte fóssil) aos gases que saem do escapamento nos motores de combustão interna (MCI).
A meta exige grandes investimentos. Em 2031 os carros ficarão em média 12% mais econômicos, se comparados aos números de 2022. Pode parecer pouco, mas avanços nos MCI são custosos e difíceis. Dependem não apenas de turbocompressores e sim de diferentes graus de hibridização. Sem incentivos para pesquisa e desenvolvimento, os preços dos veículos iriam subir de forma imprevisível.
Especificamente em relação ao CO2, haverá redução obrigatória de 50% em 2030 sobre as emissões medidas em 2011. Incluirá a “pegada” de carbono de veículos elétricos desde a mineração de metais para baterias aos processos de produção, conceitos até agora deixados em segundo plano de forma equivocada. Neste caso, o Brasil sai à frente.
O Mover foca também em reciclagem e descarte correto de materiais. Em 2030, veículos leves deverão ter de usar 80% de material reutilizável ou reciclável. Este percentual sobe para 85% em novos projetos de modelos iniciados naquele ano.
Aspecto dos mais importantes: maior rigor em segurança passiva (estrutural) e segurança ativa (frenagem automática de emergência, câmeras 360° e alerta de mudança de faixa, entre outros). Primeiro ano de exigência será 2027, quando novos requisitos serão anunciados para 2031. Tudo isso servirá de suporte à rotulagem veicular que indicará origem de peças, níveis de segurança e eficiência energética.
Regulamentação do Mover inclui relatórios dos fabricantes sobre compromissos atendidos e enviados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para acompanhamento e fiscalização. A assinatura foi na cerimônia do início de produção do novo Kicks 2026, em Resende (RJ), previsto chegar ao mercado até junho.
Se tudo isso se implantará plenamente — o popular “sair do papel” — ninguém sabe. Contudo, é um alento saber que o Brasil, possivelmente, não ficará para trás em projetos tão abrangentes e necessários.
・ Espanha: acessório de apoio ao triângulo de segurança
Apesar de representar um dispositivo simples e de grande ajuda para a segurança de trânsito, os tempos modernos apontam para soluções mais eficientes e práticas do que o conhecido triângulo de sinalização de emergência. Fácil de usar e muito barato, sinaliza situações de risco de acidentes ou, simplesmente, panes que imobilizam o veículo por causas mecânicas e/ou elétricas. Porém, exige certo tempo até ser retirado do porta-malas e montado, além de sujeito a ventos mais fortes, inclusive o deslocamento de ar de veículos pesados.
Como complemento ao triângulo de pré-sinalização, a Espanha desenvolveu e tornou obrigatório o dispositivo eletrônico chamado V-16 que se tornará obrigatório em todo o país a partir de primeiro de janeiro próximo (ver foto). Fixado no teto, sinaliza pane ou acidente, tem luz forte e transmite, desde que acionada, a geolocalização do veículo para os órgãos de controle e segurança de trânsito.
A luz é alimentada por bateria que deve durar um mínimo de 18 meses de uso contínuo, resistir à poeira e pingos d’água. Veículos de outros países serão isentos de multas, se não usarem o V-16.
Fernando Calmon
Fernando Calmon, engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Sua coluna automobilística semanal “Fernando Calmon” estreou em 1999. Publicada em UOL Carros e em uma rede de mais de 80 portais, sites, jornais e revistas pelo País. Diretor de redação da revista Top Carros. Correspondente para América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Em abril de 2015, apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. Consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.