O presidente da Anfavea, Márcio Lima Leite, disse haver "um excesso de importação" de carros chineses, causando prejuízo à indústria nacional. Em 2024, o Brasil importou 466.505 carros principalmente da China, representado volume 33% maior do que em 2023.
Caso esses carros tivessem sido feitos no Brasil, o país arrecadaria R$ 6 bilhões a mais em impostos, afirmou Leite. "A tarifa é uma questão urgente, de responsabilidade com o país. (…) Temos que fazer isso, senão não veremos a produção de novas tecnologias em território nacional", afirmou em entrevista coletiva.
Mesmo com mais importações, o emplacamento de carros nacionais ainda cresceu 11% em 2024, chegando a 2,2 milhões de unidades. A cada 100 automóveis zero-km vendidos no país no ano passado, cerca 82 tiveram fabricação brasileira, mas todos os veículos elétricos vieram de fora.
Muito da preocupação das montadoras da Anfavea é com outros países da América Latina, que também vivem uma invasão de marcas chinesas e já compram menos do Brasil. Tanto que, no ano passado, a exportação de automóveis diminuiu 1,6%, com 375.772 unidades registrado.
A BYD respondeu firme à denúncia, dizendo que as montadoras tradicionais "tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade".
A marca negou a prática de dumping e ressaltou a construção de sua nova fábrica na Bahia, que produzirá até 300 mil carros por ano. Segundo a BYD, esse investimento é uma resposta à afirmação de que as chinesas estariam prejudicando o parque industrial nacional, afirmando que "a indústria automotiva brasileira foi, por décadas, deixada em segundo plano pelas montadoras tradicionais".