
Os filhos do meio, muitas vezes, são descritos como indivíduos que possuem características únicas devido à sua posição na estrutura familiar. O inédito Mini Aceman é assim. Foi o último integrante a nascer, mas quer ser o centro das atenções frente ao irmão menor, Cooper, e o maior, Countryman. O nascimento no Brasil é agora e em duas, digamos, personalidades.
A primeira se chama E, custa R$ 254.990, tem 184 cv, bateria de 42,5 kWh e uma autonomia de 253 km, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). Em termos de desempenho, vai de zero a 100 km/h em 7,6 segundos e tem velocidade máxima de 170 km/h.
A segunda, SE, é mais 'rebelde'. Tem potência, bateria e alcance maiores: 218 cv, 54,2 kWh e pode rodar 270 km. Chega aos 100 km/h em 7,1 s e a máxima atinge 180 km/h.
O Aceman é fruto de um relacionamento entre o Grupo BMW, do qual a Mini faz parte, e a Great Wall Motors (GWM). Ou seja: a mãe é britânica com ascendência alemã e o pai, chinês. O crossover elétrico foi apresentado pela primeira vez um ano atrás no Salão de Pequim (China).

As companhias estabeleceram uma joint-venture chamada Spotlight, em 2018, que rendeu uma fábrica em Zhangjiagang, na província de Jiangsu, e uma plataforma dedicada a carros elétricos. No lado europeu, além do Aceman, outra cria é o Cooper elétrico. Já a parte asiática ainda está em processo de gestação.
Outra característica dos filhos do meio é que tendem a ser mais independentes. O Aceman segue a linguagem clean dos irmãos, especialmente do Countryman, mas tem visual próprio.
Os faróis de LED são angulares e a grade em formato de 'boca' é fechada para melhorar o coeficiente aerodinâmico. O caráter despojado e aventureiro aparece nas barras do teto e nas caixas de rodas com molduras plásticas para mostrar robustez.
Atrás, uma estética mais convencional com lanternas verticais - e não com o polêmico formato triangular como no Cooper - e com arranjo interno personalizável em três modos de aparência. As rodas são sempre de 18 polegadas. Na configuração topo de linha, o acabamento é diamantado.

O Aceman chega para preencher o espaço entre o hatch Cooper e o SUV Countryman. O crossover elétrico tem o comprimento da geração anterior do Countryman ou de VW Polo, por exemplo, com 4,07 metros. A distância entre-eixos de 2,60 m, no entanto, o faz se aproximar dos SUVs compactos. A capacidade do porta-malas, de 300 litros, volta aos hatches compactos.
Como anda?
Filhos do meio também buscam maneiras de se destacar e receber atenção, mas são flexíveis e adaptáveis a diferentes situações. Bronzeado na cor vermelha Rebel, o crossover torce alguns pescoços por onde passa. É muito diferente de tudo o que roda por aí. Em um trajeto de cerca de 60 km, o carro demonstrou se dar bem tanto no trecho urbano quanto no rodoviário.
É bem amigável para o dia a dia, com direção leve, suspensão firme, mas ao mesmo tempo lida com buracos de forma suave. Já a força é mais que suficiente para se livrar de situações no trânsito e, de quebra, o carrinho consegue percorrer quase 300 km com uma carga. Andamos na versão mais potente, SE, de 218 cv e bateria maior.
Na estrada, a direção poderia ganhar mais peso para dar mais assertividade para quem dirige, mas nada que prejudique a experiência. O torque instantâneo a cada pisada no acelerador catapulta o Mini para frente e as ultrapassagens ficam mais fáceis que cortar manteiga com faca quente. Dependendo da condição do piso e do vento, o isolamento acústico pode não dar conta e atrapalhar uma conversa na cabine.
O espaço é bom para quatro pessoas. Os ocupantes traseiros dispõem de uma boa área para as pernas, até os mais altos. Dá para viajar sem passar apuros. Com três atrás, só caronas rápidas. O interior é o grande destaque. Assim como os irmãos, o habitáculo é uma releitura do primeiro Cooper, sob direção da British Motor Company.
A principal atração é a tela circular de OLED com diâmetro de 240 mm que é a central multimídia e concentra praticamente todos os comandos do carro. Uns bons minutos mexendo e o manuseio se torna natural. Afinal, são muitas funções e informações, inclusive velocímetro. Lembra o EX30, mas há um head-up display (na versão mais cara, diga-se) para facilitar o convívio. Captou, Volvo?
O acabamento é um show à parte, com diversas cores, texturas e materiais. Tudo bastante descolado como é inerente à marca. E tecnológico. O som é da grife Harman Kardon e há diversos itens, como assistente de manutenção de faixa, detecção de ponto cego, prevenção de colisões, controle de cruzeiro ativo e visão 360°.
Por fim, mais um aspecto dos filhos do meio é se sentir negligenciado. E não é para menos. O Aceman vai brigar por atenção com membros familiares mais famosos e consagrados.