Milei ameaça intervir em compra da Telefónica por empresa do Grupo Clarín

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O governo de Javier Milei subiu o tom nesta segunda-feira (24) após a confirmação da compra da filial argentina da gigante espanhola Telefónica por sua concorrente Telecom, que tem como uma das acionistas principais uma empresa pertencente ao Grupo Clarín.

Em comunicado, o gabinete presidencial disse que a aquisição "poderia deixar aproximadamente 70% de todo o serviço de telecomunicações do país em mãos de apenas um grupo econômico, o que leva a um monopólio formado graças a décadas de benefícios que a referida empresa", referindo-se ao conglomerado de mídia argentino.

Então, a administração do ultraliberal indicou que pode intervir. "Se for assim, o Estado tomará todas as medidas pertinentes para evitar isso", segue o comunicado. "O governo agirá para garantir a livre concorrência e o direito de escolha dos usuários."

A venda da filial da Telefónica à Telecom por mais de US$ 1,2 bilhões (R$ 7 bilhões) foi confirmada no final da tarde desta segunda-feira. O processo ainda deve ser validado pelo Ente Nacional de Comunicações (Enacom) e pela Comissão Nacional de Defesa da Concorrência, os dois órgãos que Milei instou a investigarem a possibilidade de monopólio.

A Telecom tem como proprietárias a Cablevisión (40%), de acionistas do Grupo Clarín, e a mexicana Fintech (40%). Os 20% restantes de suas ações estão na bolsa de Nova York e Buenos Aires.

Folha Mercado

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Diante dos rumores prévios sobre o tema da compra, a Enacom já havia se pronunciado na última sexta-feira (21). Em nota, a órgão disse que era importante recordar, "diante das versões sobre a venda da Telefónica", que há um "ecossistema para salvaguardar que haja transparência no processo, além de garantia de direitos e dos princípios de livre concorrência para evitar oligopólios".

A venda faz parte do objetivo anunciado da Telefónica de abandonar seus negócios na América Latina.

O grupo espanhol operava na Argentina desde os anos 1990 e havia encomendado a venda de sua filial no país ao JP Morgan e ao escritório de advogados Latham&Watkins. Em outras frentes, a gigante também está em etapa final da venda de sua filial na Colômbia para uma empresa de Luxemburgo e também encomendou ao JP Morgan a venda de seus negócios no México.

Ainda no comunicado público, o gabinete de Milei disse que a possível formação de um monopólio na área "ameaçaria o processo de queda da inflação que a Argentina atravessa". O governo lembrou o dado de que a inflação no setor de comunicações foi de 15,6% em dezembro de 2023, quando a gestão assumiu, para 2,3% no mês de janeiro passado.

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