Mercado só vai acalmar quando aposentado ganhar menos de um salário mínimo

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Para o mercado, "cortar na carne" não é reduzir o ganho real do salário mínimo, como proposto pelo governo federal e aprovado pelo Congresso. Tampouco significa limitar o reajuste ao da taxa de inflação do ano anterior, como defendem economistas conhecidos.

Na verdade, a grande "medida estruturante" para enfrentar a "dominância fiscal", na avaliação de muita gente graúda do mercado, é a possibilidade de aposentados ganharem menos de um salário mínimo.

Quem acompanha o noticiário econômico sabe que não é de hoje que a ideia da "desindexação" está na praça. Por sinal, essa era a principal bandeira de Paulo Guedes, o czar da economia do governo Bolsonaro, com sua política batizada de "DDD" (desvincular, desindexar e desobrigar), que acabou não vingando.

Sim, é verdade que a população está envelhecendo e que os desembolsos com a Previdência vêm crescendo aceleradamente, abocanhando uma parcela cada vez mais considerável do orçamento. Em certo momento, talvez não reste alternativa mesmo a não ser mexer na indexação.

Mas, antes de alterar nessa fórmula que só vai impactar a base da pirâmide, parece perfeitamente legítimo tentar repartir a conta com o andar de cima. Até porque, como estamos cansados de saber, nosso sistema tributário é escandalosamente regressivo — ou seja, pesa sobre os pobres e alivia para os ricos.

Não se trata, claro, de uma disputa fácil. Na gramática do mercado, rebaixar aposentadorias de quem sobrevive com salário mínimo é "remédio amargo". Já tributar o cidadão de alta renda que paga muito menos tributos do que deveria é "populismo fiscal". Indo ainda mais direto ao ponto: cortar de pobre é "técnico"; cobrar de rico é "ideológico".

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