Investidor famoso por vendas a descoberto sai da aposentadoria para negociar no caos do mercado

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O investidor Russell Clark, que havia se rendido a um mercado em alta há cerca de três anos, está dando fim a sua aposentadoria para iniciar novamente um fundo de hedge na esperança de lucrar com o caos do mercado desencadeado pela reeleição de Trump.

Clark é conhecido por operações de venda a descoberto, ou "short selling", estratégia que consiste em apostar na queda dos ativos. Nela, o investidor se arrisca fazendo uma operação que lhe permite vender um ativo que não tem em sua carteira. Se o preço cai, ele lucra. Mas, se o preço sobe, ele perde.

Baseado em Londres, o investidor está em diálogo com investidores para levantar capital para seu fundo que negociará ações e títulos com base em suas visões macroeconômicas do mundo. Ele está criando a Brumby Capital, nomeada em homenagem a uma raça de cavalo selvagem australiano, e espera começar a negociar já no próximo mês, disse Clark em entrevista.

Seu retorno coincide com uma perspectiva em rápida mudança para ativos de risco que provocou perdas em alguns dos maiores fundos de hedge do mundo.

As ações do presidente Donald Trump para reescrever as regras do comércio global, impondo tarifas a aliados e rivais estratégicos, desencadearam uma venda feroz de ações, enquanto os rendimentos dos títulos e o preço do ouro subiram à medida que os investidores ficam cada vez mais preocupados com a fragilidade econômica.

"Trump realmente desmantelou as coisas", disse Clark, 50, à Bloomberg News. "Provavelmente veremos a reeleição de Trump como uma espécie de topo cíclico e secular para os mercados de ativos, pelo menos nos EUA."

Com o aumento das tarifas, a remilitarização tanto da Europa quanto do Japão, bases tributárias restritas e inflação estrutural no sistema, Clark acredita que o capital está destinado a se tornar escasso novamente e as taxas de juros provavelmente subirão muito mais do que os níveis atuais.

"Principalmente estarei vendido em ativos dos EUA porque são os EUA que realmente vão enfrentar dificuldades", disse ele.

Estar comprado em ações de tecnologia da China e vendido em suas contrapartes dos EUA recompensou os investidores neste ano e continua atraente, dado que a China apoiou politicamente a indústria e os EUA mostraram uma nova afinidade por tarifas e um desdém por aliados próximos, escreveu Clark em um post no Substack nesta sexta-feira (14).

Ainda assim, ele argumentou, operações como estar comprado em ouro e vendido no S&P 500 e em títulos do tesouro dos EUA fazem mais sentido.

Antes de fechar seu hedge fund em 2021, Clark era um dos últimos vendedores a descoberto restantes na indústria que estava disposto a fazer tais apostas em meio a um mercado que não mostrava sinais de fraqueza enquanto os bancos centrais continuavam suas políticas de dinheiro fácil.

Nascido e criado em Canberra, Austrália, Clark apostou contra ações durante grande parte da última década e gerou retornos positivos na maioria desses anos. Sua decisão de fechar o fundo em 2021 seguiu-se a um declínio de 2,6% nos primeiros dez meses daquele ano, com ativos caindo para cerca de US$ 200 milhões de um pico de US$ 1,7 bilhão em 2015.

Clark disse à Bloomberg que seu erro foi uma visão dogmática de que os mercados sempre vencem porque sempre venceram nos anos 1990 e no início deste século.

"O que aprendi é que quando a política muda, particularmente nos EUA, então as regras podem mudar com ela, e certamente, eu acho, esse tem sido o caso", disse ele. "Vamos ter um tipo de mercado muito diferente."

Folha Mercado

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