A Eletrobras divulgou na quinta-feira (14) lucro líquido de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre de 2024, 24,5% superior sobre o mesmo período de 2023, de acordo com seu relatório de resultados.
Considerando ajustes, no entanto, o indicador recuou 54,7% na mesma comparação, para R$ 517 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) regulatório ajustado da companhia foi de R$ 5,4 bilhões no período, avanço de 90,6% ano a ano. Com ajustes, essa linha caiu 6,4%, a R$ 5,1 bilhões.
A receita operacional líquida da Eletrobras, que atua na geração e transmissão de energia elétrica, no quarto trimestre avançou 21,2% no comparativo anual, para R$ 12 bilhões.
Separadamente, a empresa também anunciou que seu conselho de administração aprovou proposta para distribuir R$ 1,8 bilhão em dividendos adicionais, matéria prevista para ser deliberada em 29 de abril em Assembleia Geral de Acionistas (AGO).
Segundo a Eletrobras, considerando dividendos intercalares pagos, o total de dividendos relativo ao exercício de 2024 será o maior da história da companhia, de R$ 4 bilhões, o equivalente a 41% do seu lucro líquido ajustado.
Na teleconfêrencia para investidores realizada nesta sexta-feira (14), os executivos da Eletrobras comentaram sobre perspectivas de alocação de capital e remuneração aos acionistas.
Folha Mercado
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Segundo o vice-presidente financeiro e de RI, Eduardo Haiama, o cenário atual de maior volatilidade dos preços de energia no Brasil deve fazer com que a companhia seja mais "conservadora" em sua estratégia.
"Estamos vivendo um ambiente que tende a ser cada vez mais volátil... Em um cenário como esse, a gente tem que atuar de forma bem mais conservadora na hora de analisar para frente."
Haiama apontou principalmente incertezas relacionadas à geração de energia, exigindo que a companhia trabalhe "um pouco menos alavancada" e adote "premissas mais conservadoras" na hora de vender os grandes volumes de energia descontratada de seu portfólio de usinas, dado que o segmento seguirá como a principal contribuição para o fluxo de caixa nos próximos anos.
Segundo ele, a companhia continuará direcionando recursos primeiro para modernização de usinas e reforços e melhorias da rede de transmissão, além de otimização da carteira de participações minoritárias.
"Após tudo isso, vamos equilibrar entre remuneração a nosso acionista, seja recompra, seja dividendo, seja investimento em 'greenfield' (projetos do zero) ou mesmo M&A (fusões e aquisições)".
A Eletrobras também está discutindo com a União a redação do termo de conciliação para encerrar a ação movida pelo governo no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre poder de voto na companhia, e o objetivo é concluir a negociação nas próximas duas semanas, disse o vice-presidente jurídico da companhia elétrica, Marcelo de Siqueira Freitas.
O executivo afirmou que a assembleia extraordinária de acionistas para aprovar os termos finais do acordo com a União poderá ser convocada para a mesma data da assembleia geral ordinária.
"Feita a assembleia extraordinária e aprovados os termos do acordo, ele vai ser imediatamente submetido à homologação do STF, não há perspectiva de demora do Tribunal em relação a isso", afirmou Freitas.
A Eletrobras e a União anunciaram no mês passado que chegaram a um acordo para encerrar a disputa no STF sobre o limite de poder de voto na companhia.
O governo passará a ter representatividade em conselhos da Eletrobras, enquanto a companhia reduzirá riscos associados a negócios nucleares, por exemplo deixando de ter obrigação de aportar recursos para a usina nuclear de Angra 3, caso o projeto siga adiante.