A inflação do ano passado medida pelo IPCA ficou em 4,83%, acima, portanto do limite de tolerância da meta, que é de 4,5%. O estouro obriga o presidente do Banco Central a enviar uma carta explicando os motivos do resultado, e Gabriel Galípolo atribuiu o descumprimento da meta a: (1) ritmo forte de crescimento da atividade econômica, (2) depreciação cambial e de fatores climáticos, em contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano anterior.
Por outro lado, ele destacou que a desvalorização do petróleo no mercado internacional no segundo semestre foi um fator positivo para que a inflação não ficasse ainda mais elevada.
Uma das más notícias econômicas deste início de ano é o movimento contrário do petróleo no mercado internacional, com uma forte escalada em um momento em que a Petrobras está com os preços defasados. Em agosto de 2023, diante de um grande descompasso como o que ocorre agora, o diesel foi reajustado em 25,8% e a gasolina em 16,2%.
Não há confirmação que a Petrobras fará o mesmo movimento agora, mas se ele ocorrer haverá impacto na inflação já que o IPCA é bastante sensível a alterações nos custos dos combustíveis. Este é apenas um dos elementos que podem pressionar a inflação para cima, mas há ainda fatores difíceis de prever, como quebras de safra decorrentes de questões climáticas.
A inflação pressionada não é uma exclusividade do Brasil. A pandemia trouxe pressão inflacionária para os países da Europa e para os EUA, alterando o padrão de preços. A diferença é que no Brasil os juros, principal instrumento para conter a inflação sob controle, já estão em patamares muito elevados, o que coloca na mesa o temor da dominância fiscal (quando elevar juros não é mais suficiente para controlar a inflação).