A ilusão do 1%: por que pequenas apostas podem custar caro

há 5 horas 2

Você já ouviu alguém dizer: "Coloque apenas 1% da sua carteira neste ativo exótico. Se der errado, a perda será mínima, mas se for disruptivo, o ganho será enorme"? À primeira vista, esse conselho parece tentador. Afinal, quem não quer participar de uma grande revolução investindo pouco? Mas será que essa lógica realmente faz sentido?

Pense comigo: quantas vezes você já ouviu essa mesma frase, mas para diferentes ativos? Eu já ouvi isso para criptoativos novos, startups promissoras, commodities raras e até arte digital (NFTs). Se eu tivesse seguido cada um desses conselhos e colocado 1% do meu patrimônio em cada aposta, ao final de 50 ativos "disruptivos", metade do meu patrimônio poderia já ter evaporado. O que começou como uma estratégia de risco controlado, ou seja, de apenas 1% em cada ativo de risco, se transformaria em uma roleta russa financeira.

Agora imagine outra situação. Você está em um buffet self-service e, ao invés de montar um prato balanceado, decide colocar um pouquinho de tudo, porque "um pouco não faz mal". No final, seu prato vira uma mistura desastrosa de sabores que não combinam, e a experiência gastronômica fica longe de ser agradável. No mercado financeiro, essa lógica de "um pouquinho de tudo" também pode resultar em um portfólio desequilibrado, cheio de ativos que não cumprem seu propósito de retorno ou segurança.

Quando o assunto é investimento, não podemos confundir diversificação com apostas dispersas. Diversificar significa construir uma carteira balanceada, onde os ativos são escolhidos com base em sua capacidade de gerar retorno ajustado ao risco, e não apenas em promessas mirabolantes de lucros astronômicos. É a diferença entre usar ingredientes que complementam um prato e jogar aleatoriamente o que estiver à mão na panela.

Mas por que caímos tão facilmente nessa armadilha? A resposta está no nosso cérebro. Somos atraídos por narrativas emocionantes. O potencial de descobrir "o próximo grande ativo" ativa a mesma área do cérebro que nos faz comprar um bilhete de loteria. É a ilusão de controle, combinada com o medo de perder uma oportunidade única.

No entanto, investir é mais do que seguir histórias fascinantes. É sobre ter responsabilidade com seu patrimônio, respeitar seu perfil de risco e entender que, se um ativo não merece um percentual significativo do seu portfólio, provavelmente não vale nem 1%. Se você não estaria disposto a colocar 5% ou 10% em algo, talvez não devesse colocar nada.

Ao invés de distribuir "1%" em diversas apostas de alto risco, considere usar esse percentual em ativos que realmente contribuem para os seus objetivos financeiros.

Em um mercado cheio de conselhos duvidosos, lembre-se: investir é sobre construir um futuro sólido, não sobre jogar dados. Afinal, você prefere andar em um terreno firme ou correr o risco de cair apostando em um campo minado?

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