Fundos de investimento quebram? Entenda por que seu medo pode ser infundado

há 1 dia 1

Você já ouviu alguém dizer que fundos de investimento podem quebrar porque, afinal, "são empresas, e empresas quebram"? Esse pensamento é como comparar um cofre a uma loja. Uma loja precisa vender e atrair clientes para sobreviver, mas um cofre apenas guarda o que foi depositado. E, no caso dos fundos de investimento no Brasil, esses cofres são supervisionados por várias camadas de segurança que tornam improvável uma quebra.

A regulação dos fundos no Brasil é extremamente rígida, uma das mais sólidas do mundo. Três figuras distintas garantem a segurança do sistema: o gestor, que escolhe os investimentos; o administrador, que fiscaliza se o gestor está agindo dentro do mandato e cuida do dinheiro e da precificação de ativos e das cotas; e o custodiante, responsável pela guarda dos ativos. Essas funções são, muitas vezes, desempenhadas por entidades separadas, que atuam de forma independente para proteger os investidores. E, além disso, ainda há o auditor, que revisa todo o processo para assegurar transparência e conformidade.

Para ilustrar, pense em um condomínio. O síndico (gestor) cuida da manutenção e aplica o dinheiro arrecadado em melhorias ou investimentos. O contador (administrador) verifica se tudo está sendo feito corretamente e dentro do orçamento. O tesoureiro (custodiante) guarda o dinheiro arrecadado. Por fim, uma auditoria anual assegura que nenhuma irregularidade passou despercebida. Assim como em um condomínio, no fundo de investimento o dinheiro está seguro, desde que as regras sejam seguidas.

O medo de que um fundo quebre geralmente vem de histórias de outros países, onde a regulação não é tão rígida. Mas, para entender melhor, vamos comparar fundos de investimento a empresas. Uma empresa pode quebrar por dois motivos principais. O primeiro é a falta de demanda por seus produtos, o que reduz suas receitas até o ponto de inviabilidade. Fundos não enfrentam esse problema, porque não vendem nada; eles simplesmente investem o dinheiro dos cotistas. Se os cotistas pedem o resgate, o fundo vende os ativos e devolve o dinheiro, sem comprometer sua operação. O segundo motivo é o excesso de dívidas. Aqui também os fundos levam vantagem: sem usar derivativos para alavancagem, não há dívidas nestes produtos.

Agora, vamos ao caso dos fundos de previdência, como o VGBL passivo que discutimos no artigo anterior. Vi alguns comentários abordando a possibilidade destes tipos de fundo quebrarem. Acredito que o maior problema dos que argumentaram pela probabilidade de quebra seja a falta de informação.

O leitor Daniel Guimarães, que entende bem do assunto, contribuiu em seu comentário com legislação que fundamenta a favor da segurança. Esses fundos investem em títulos públicos federais, ou seja, em dívidas do governo brasileiro. Estes VGBLs passivos em títulos federais não têm como quebrar. A única forma dos investidores perderem o valor investido seria se o governo brasileiro desse calote em seus compromissos. Se isso acontecesse, tanto faz se você investe diretamente no título ou por meio do fundo – o impacto seria o mesmo. A estrutura é feita para proteger o investidor, e não há razão lógica para temer.

Perceba que se você sabe no que o gestor investe e está alinhado com esse investimento, a estrutura do fundo, seja de previdência ou não só pesa a seu favor.

É preciso segregar a diferença entre o fundo apresentar resultado ruim, pois o gestor não fez boas escolhas e ele quebrar. A escolha mal sucedida de ativos pelo gestor não implica na falta de segurança da estrutura do fundo, mas é um consequência da seleção errada do gestor por parte do investidor.

Muitas vezes, tememos o que não compreendemos completamente. Mas, assim como não hesitamos em usar um cofre para guardar objetos valiosos, também não deveríamos hesitar em confiar nos fundos de investimento no Brasil. É importante entender onde o gestor está aplicando e, principalmente, evitar fundos alavancados extremamente com derivativos. Assim, o desempenho do fundo será sempre reflexo direto dos ativos que ele carrega.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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