Exposição grátis na Paulista exibe pintura tradicional coreana em carimbos

há 14 horas 2

Enquanto a cultura pop da Coreia do Sul está tão em alta, uma nova exposição do Centro Cultural Coreano no Brasil volta o olhar a artes tradicionais do país asiático. Na mostra grátis em São Paulo, o artista Suldurumi reinterpreta pinturas e artesanatos antigos com elementos de design gráfico.

O designer sul-coreano recria pinturas tradicionais, chamadas "minhwa", por meio de carimbos, algo muito presente na cultura coreana. Para sua primeira exposição fora da terra natal, Suldurumi selecionou 20 obras emblemáticas que apresentam paisagens, animais e cenas do cotidiano da época.

Uma delas mostra um senhor fumando despreocupado enquanto observa trabalhadores colhendo arroz. Outra exibe um menino levando bronca do professor porque não fez a lição de casa, cercado por colegas de classe que riem dele. "Traz um certo humor da época", explica Suldurumi. Há uma que ele criou para o Brasil: o logo do refrigerante Guaraná, que ele adorou.

Os visitantes podem criar essas ilustrações sobrepondo carimbos disponibilizados no local. Cada carimbo compõe um elemento e uma cor diferente, que formam a imagem em etapas. Vira uma lembrança da mostra.

Foram dois anos de pesquisa para chegar à ferramenta final, feita com materiais como plástico e esponja com uma técnica semelhante à da impressão 3D. Outra área da exposição aborda o "bojagi", tipo de artesanato que usa retalhos geométricos coloridos para formar um tecido único. Remonta a uma arte têxtil no qual mulheres usavam sobras de tecidos descartados pelo palácio do rei.

Um terceiro espaço é dedicado ao popular poeta Yun Dong-ju, conhecido pelos poemas de resistência durante a ocupação japonesa. No ano que marca os 80 anos da liberação coreana, Suldurumi reintepreta a capa do livro mais famoso do poeta com cores e elementos que representam o céu, vento, estrela e poeira, em camadas de tecido transparente.

Os três temas são uma forma de valorizar a cultura coreana, que resistiu à influência histórica de outros países. "A nossa cultura tradicional são registros e vestígios dessa tentativa dos artistas de prevalecer a nossa própria cultura do povo coreano."

Formado em design gráfico, o artista explica que cria as obras a partir de uma pesquisa de cores, e então busca elementos gráficos para combinar com elas. Ele diz que encontrou um certo tipo de padrão de cores presentes na arte coreana tradicional –como no caso do "saekdong", um tipo de roupa tradicional com listras coloridas.

Ele começou a trabalhar com esses projetos em 2021 e a levar isso como carreira artística. antes, trabalhava numa agência de publicidade e propaganda. "Mas esse não era o meu chamado". Depois da pandemia, começou a desenvolver e ficou surpreso com o convite para expor fora da Coreia do Sul.

Essa é a primeira vez que ele expõe fora de sua terra natal. Atravessou o globo e participou da abertura da mostra, em cartaz até 29 de junho. "É um pouco raro os coreanos virem ao Brasil, mas eles sabem sobre o país", diz ele, e deixa como recado: "Espero que tenhamos mais oportunidades dentro da Coreia do Sul de conhecer a cultura brasileira."

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