Na semana passada, outros setores, como farmacêutico e de partes e peças eletrônicas, que são produtos mais leves, também anteciparam embarques, por via áerea.
— As empresas estão antecipando o que podem. Criou-se uma instabilidade gigantesca — diz Welber Barral, consultor e ex-secretário de Comércio Exterior.
A tentativa de reduzir o déficit americano e promover a reindustrialização do país por meio da imposição de tarifas contra seus principais parceiros comerciais está detonando uma guerra tarifária global, com consequências incertas.
— Cada setor está tentando entender os impactos. Nem todos os setores exportadores brasileiros vão sofrer. Petróleo e derivados, que são itens importantes da nossa pauta de exportação, ficaram de fora — diz Barral. - Mas os EUA vão seguir importando. O quanto, vai depender da queda do consumo interno e certamente essas medidas vão afetar os mais pobres —.
Ele explica que a participação do Brasil no comércio internacional está concentrada no início das cadeias produtivas, com insumos petroquímicos, químicos, metais, aço, alumínio e cobre. — Nas commodities industriais, a margem é muito pequena e qualquer tarifa faz muita diferença — diz.
Um dos temores é que se repita o que aconteceu no primeiro mandato de Trump, com a primeira rodada de tarifas sobre produtos chineses: o mercado foi inundado por esses insumos vindos da Ásia, com preços abaixo do valor de produção - prática conhecida como dumping.