Estoque da Chevrolet no Brasil dobra média do mercado e acende alerta

A General Motors do Brasil enfrenta um acúmulo de estoque muito acima do mercado: são 79 dias de veículos parados, mais que o dobro da média de 38 dias. O número, confirmado pela Anfavea ao portal AutoIndústria, reflete os desafios da montadora, que retomou as atividades após uma paralisação entre 17 de fevereiro e 7 de março.

Desde 2023, as fábricas da montadora têm sofrido paralisações pontuais devido a ajustes de demanda. A linha de Gravataí (RS), onde são produzidos os modelos Onix, Onix Plus e Tracker, é a que mais tem passado por interrupções. Os funcionários da montadora frequentemente são colocados em férias coletivas ou sistemas de day-off, como aconteceu recentemente, entre o término das férias coletivas no dia 7 e o retorno completo das atividades no dia 17.

Foto de: Motor1.com

Chevrolet Onix Hatchback

A GM admite que essas medidas buscam alinhar a produção à demanda atual do mercado, além de realizar ajustes técnicos, possivelmente ligados à reestilização da linha de compactos, que já foi flagrada em testes. Está prevista também a chegada de um novo SUV compacto, posicionado abaixo do Tracker, para competir diretamente com o Volkswagen Tera.

O fato é que sua participação de mercado vem decaindo desde 2023, quando detinha 16,5% no segmento de veículos leves. No ano passado, esse número caiu para 11,5% e atualmente está em 10,7%, com a Toyota se aproximando cada vez mais. A futura disputa com o Yaris Cross, que promete ser um modelo de alto volume, pode levar a montadora japonesa a conquistar uma participação ainda maior.

Toyota Yaris Cross pode fazer japonesa passar a GM em volume e participação de vendas

O portal AutoIndústria entrou em contato com alguns concessionários que, preferindo não se identificar, mostraram insatisfação na rede pelo preconceito de muitos clientes em relação à polêmica correia banhada a óleo, utilizada nos motores 1.0 e 1.2 CSS Prime e que começaram a gerar discussão na internet sobre a robustez do sistema após relatos de quebras.

Nós do Motor1.com Brasil fizemos uma pauta sobre o assunto recentemente, levando à discussão para especialistas do setor automotivo e também ouvimos as considerações da GM sobre o assunto. Em conversa sobre o tema, a engenharia técnica do fabricante diz confiar na motorização da linha Onix, Tracker e Montana, tendo a escolhido por sua sua maior eficiência energética e ao menor peso, já que reduz a massa rotativa do motor, o que contribui para melhor desempenho e economia de combustível.

Ainda assim, o alto preço do óleo original, único a conter o aditivo Dexos essencial para a borracha usada nessas correias, junto à desinformação online, prejudicaram a imagem da linha de compactos.

Motor CSS Prime com correia banhada a óleo

Alguns concessionários também manifestaram insatisfação sobre a estratégia da GM com modelos eletrificados. Atualmente, o único confirmado para o mercado brasileiro é o Spark EUV. A marca vende ainda os SUVs elétricos Equinox EV e Blazer EV, porém como modelos de nicho, custando acima de R$ 400 mil.

Mundialmente, a GM defendia a transição 100% para elétricos até pouco tempo, descartando a aposta em híbridos. Entretanto, o grupo voltou atrás e admitiu que tinha planos para modelos do tipo no ano passado, mas ainda não se sabe quando os híbridos da montadora, que possivelmente serão flex, irão estrear no país.

Não por acaso, a Chevrolet confirmou recentemente que investirá R$ 1,2 bilhão na fábrica de Gravataí (RS) nos próximos anos. O montante será usado para financiar o projeto do novo SUV e também custear a reestilização de meia-vida de Tracker, Onix e Onix Plus que já rodam em testes camuflados pelo país. Há planos também para atualização do motor 1.0 turbo, que recebeu injeção direta de combustível no caso do Tracker 2025.

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