Quando isso vai acontecer? Ninguém sabe, mas é possível dizer que os efeitos no comércio mundial se estenderão por anos. Isso é mais lento do que o dia a dia dos mercados. Um movimento tarifário parecido com esse foi a chamada Lei Smoot-Hawley de 1930. Os países retaliaram e isso gerou uma desaceleração gradativa do comércio mundial, que teve uma queda de dois terços em três anos. Isso é tido como um dos fatores que transformaram uma recessão na Grande Depressão. Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda
Nóbrega projeta um cenário de incertezas para a economia mundial nos próximos anos, com consequências nada animadoras para os EUA.
É algo inusitado. Nenhum observador poderia imaginar que haveria um presidente tão ignorante, mal-informado e analfabeto em Economia capaz de colocar o mundo de cabeça para baixo. Trump é o presidente de um país com as sete melhores universidades do mundo, tem a maior quantidade de prêmios Nobel e as melhores escolas de Economia. Como é que pode? Estamos vendo coisas inacreditáveis.
A percepção é de que o Trump de hoje é muito diferente daquele do primeiro mandato, quando tinha algumas figuras importantes para dar prestígio à administração dele e elas o contiveram. Agora, não.
Quando digo que o mercado se estabilizará, é porque ele pode cair o tempo todo e ir para zero. Em algum momento o mercado para, mas o efeito permanece: a incerteza, a provável queda do comércio mundial, os danos dessa maluquice à economia global e ao emprego...
Os EUA vão empobrecer, apesar de Trump usar essas palavras hiperbólicas. Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda
Josias: Nero pós-moderno, Trump celebra caos e dá vida nova a derretimento
Em meio ao pânico gerado nos mercados de todo o mundo após o anúncio do 'tarifaço', Donald Trump dá de ombros à confusão que ele mesmo provocou, analisou o colunista Josias de Souza.
Trump deu vida nova ao termo em inglês meltdown, originalmente usado para usinas nucleares cujos reatores explodem, fogem ao controle e derretem tudo ao redor. No final da década de 90, esse termo foi adotado pelo economês para descrever a situação terminal de países com a economia desarranjada.
Com o 'tarifaço' da Casa Branca, meltdown se incorporou ao catastrofês, que é o novo idioma da economia mundial. A semana está começando como terminou a anterior, com as bolsas de valores derretendo ao redor do mundo.
Em teoria, um meltdown nuclear pode empurrar o reator em combustão terra adentro, saindo do outro lado. No caos do Trump, os países mais tarifados caem no colo da China, que reagiu na base do 'olho por olho'. Desde a semana passada, disseminou-se o pavor de uma guerra comercial que leve à recessão global.
Mesmo sob circunstâncias anormais, investidores e empresas costumam se adaptar às novas regras. O problema é que a regra de ouro de Trump é que não há regra. O mercado não tem parâmetro para se reacomodar. Multidões foram às ruas no fim de semana, as perdas estão corroendo a paciência do consumidor americano e as ações de empresas dos EUA. Trump dá de ombros e se comporta como uma espécie de Nero pós-moderno e está celebrando o caos. Nessas circunstâncias, é muito difícil fazer previsões. Não há novas regras; há Trump distribuindo insensatez. Josias de Souza, colunista do UOL
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Sakamoto: Trump aplicou remédio amargo que pode matar seu próprio governo
Donald Trump comemora a entrada em vigor do 'tarifaço', mas pode ter dado um tiro no pé e ver seu governo derreter por conta do pacote tarifário, avaliou o colunista Leonardo Sakamoto.
Trump aposta que o pessoal vai para os EUA criar empregos lá e tudo será uma maravilha; por enquanto, é apenas um solavanco. Mas isso pode mudar a política norte-americana e deixar a população extremamente insatisfeita com Trump, que prometeu leite e mel e na sequência deu uma outra realidade.
Pode mudar também a eleição de meio de turno no ano que vem, quando parte da Câmara e do Senado são renovados. Trump aplicou um remédio e disse que todo medicamento é amargo. O problema é que o remédio de Trump pode matar o seu próprio governo.
Os EUA não estão desconectados do resto do mundo como se estivessem em Marte. Eles ajudaram a criar um sistema econômico global extremamente interdependente e conectado. Mercados do mundo inteiro estão vendo a aplicação de tarifas, que na prática são bloqueios ao fluxo de produtos e a retaliação justa por parte de alguns países. O mundo inteiro está vendo que pode acontecer uma recessão global. Se isso acontecer, nenhum país complexo estará livre disso. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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