Pouco depois das 10 da manhã desta segunda-feira (7), gritos irromperam no piso de negociações da Siebert, no centro de Manhattan, em Nova York. Mark Malek, diretor de investimentos da empresa, saiu correndo de seu escritório ao ouvir seu principal operador gritando que o presidente Donald Trump estava considerando suspender a implementação generalizada de tarifas que vinha afundando os mercados de ações há dias.
Malek não acreditou. "Isso é besteira", disse. Mas, segundos depois, ele assistiu, atônito, as ações dispararem descontroladamente, apagando todas as perdas daquela manhã no S&P 500 e subindo até 3,4%. "O mercado é muito sensível", afirmou Malek. "Dizer que estamos em suspense é pouco."
A manchete que parecia ter desencadeado tudo parecia suficientemente crível para os operadores desesperados por boas notícias mesmo que viesse de uma conta obscura de mídia social. "Hassett [diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA]: Trump está considerando uma pausa de 90 dias nas tarifas para todos os países, exceto a China", dizia a postagem no X.
À medida que as ações começaram a subir, as republicações se acumularam, seguidos por manchetes quase idênticas de grandes veículos de notícias, incluindo CNBC e Reuters. Em sete minutos, o S&P havia adicionado mais de US$ 2,5 trilhões (R$ 14,7 trilhões) em valor.
E então, tão rapidamente quanto começou, tudo evaporou. A Casa Branca disse que as declarações atribuídas a Kevin Hassett eram "notícias falsas" e as ações despencaram novamente.
CNBC e Reuters reconheceram o erro em declarações e emitiram correções. A Bloomberg News não publicou a manchete. A Bloomberg informou aos ouvintes do seu Equities Squawk que relatos não confirmados nas redes sociais sobre um possível adiamento de tarifas haviam impulsionado o mercado.
Quando os operadores "perceberam que a manchete não estava certa, tudo foi vendido novamente. Agora todo mundo está levando uma surra", disse Peter Tuchman, operador sênior da TradeMas na Bolsa de Valores de Nova York. "Isso é loucura."
No total, a viagem de ida e volta durou apenas 15 minutos.
"A velocidade dos movimentos foi simplesmente impressionante", disse Justin Wiggs, diretor-gerente de negociação de ações na Stifel Nicolaus. "Parecia mais rápido do que qualquer coisa que já experimentei durante a Covid e a crise financeira em uma mesa de operações."
Folha Mercado
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Ainda assim, mesmo depois que as ações devolveram seus ganhos, a febre de vendas que percorria o mercado diminuiu, com as ações oscilando entre ganhos e perdas à tarde. O episódio serviu como um lembrete para alguns investidores de que não é preciso muito para desencadear um rali repentino em momentos como este, forçando-os a repensar o quanto haviam reduzido suas posições em ações.
"O risco de alta é tão assustador quanto quando os mercados disparam 8% por causa de uma postagem no Truth Social ou uma manchete falsa", disse Chris Murphy, co-chefe de estratégia de derivativos na Susquehanna.