Diferença de rendimento entre títulos do governo dos EUA e de empresas é a menor em quase 20 anos

há 2 meses 2

A diferença entre os rendimentos de títulos corporativos e os títulos do Tesouro dos EUA é a menor em quase 20 anos, com os investidores apostando em um "pouso suave" (quando a inflação se aproxima da meta sem impactar o emprego) para a maior economia do mundo.

O spread (diferença entre o custo de captação e a taxa final cobrada do tomador) pago por empresas de grau de investimento em relação ao governo dos EUA caiu para apenas 0,83 ponto percentual nesta semana, a menor diferença desde março de 2005.

O spread para tomadores no mercado de títulos de alto rendimento ou classificados como "lixo" está agora em apenas 2,89 pontos percentuais, de acordo com dados da ICE BofA— o menor desde meados de 2007.

O estreitamento do spread, que também é um indicador do risco de inadimplência, reflete a crença dos investidores de que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) conseguirá controlar a inflação sem desencadear uma recessão na qual algumas empresas teriam dificuldades para pagar suas dívidas.

Mas alguns gestores de fundos temem que o mercado de títulos corporativos dos EUA, de US$ 11 trilhões (R$ 62,07 trilhões), esteja muito complacente em relação aos riscos econômicos persistentes ou possíveis turbulências após a eleição presidencial de novembro.

"De modo geral, o mercado está totalmente precificado para um pouso suave", disse Mike Scott, chefe de alto rendimento global na gestora de ativos Man Group.

Os preços de dívidas corporativas e governamentais, que se movem inversamente aos custos de empréstimos, subiram com a expectativa de que o Fed cortará ainda mais as taxas de juros após fazer, no mês passado, a sua primeira redução desde 2020.

A economia resiliente está impulsionando os títulos corporativos, que são mais arriscados do que os títulos do Tesouro dos EUA, em particular.

Bill Zox, gestor de portfólio na Brandywine Global Investment Management, afirmou que a demanda por dívida corporativa supera a nova oferta. "Você está vendo uma demanda tremenda por qualquer coisa relacionada a crédito."

Os mercados se recuperaram da venda em agosto que foi motivada por dados de empregos nos EUA mais fracos do que o esperado.

Mas Ruben Hovhannisyan, gestor de portfólio na TCW, disse que esse episódio mostrou quanto o mercado está supervalorizado e quão pequeno é o espaço para erro (se ele existir mesmo).

"Aqueles que estão simplesmente comprando os títulos com a crença de que tudo está maravilhoso e tranquilo... podem ter uma surpresa", avaliou Hovhannisyan.

Embora os spreads sobre os títulos do Tesouro dos EUA tenham reduzido para os menores percentuais em várias décadas, os custos gerais de empréstimo das empresas permanecem mais altos do que a média nos 15 anos de taxas de juros quase zero que se seguiram à crise financeira de 2008.

Folha Mercado

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

O rendimento médio dos títulos "lixo", que se move inversamente ao preço, é de 7,29%, sendo que há três anos ficava abaixo de 5%.

Alguns gestores de fundos fazem alerta de que os compradores estão ignorando a proteção mínima contra um aumento na inadimplência proporcionada pelo nível atual dos spreads porque estão voltados para rendimentos gerais mais altos.

Lauren Wagandt, gestora de portfólio na T Rowe Price, disse que compradores baseados em rendimento estão inundando o mercado de títulos de todos os tipos. No entanto, ela disse que as avaliações estão altas.

Leia o artigo completo