Para o mercado, desvalorização é resultado de política fiscal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é visto com maus olhos pelo mercado financeiro desde que assumiu seu terceiro mandato. Uma das justificativas é que o petista não passa confiança para os investidores, uma vez que parece não se preocupar com a política fiscal do país. O governo federal encerrou 2024 com um déficit primário de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), valor que foi considerado praticamente nulo por Lula, diferentemente do mercado, que vê o dado com preocupação.
Diminuição de percepção de risco. Um dos motivos que, segundo Pessoa, pode ter colaborado para a desvalorização do dólar é, então, a recente perda de popularidade de Lula. A avaliação negativa do presidente cresceu e chegou a 37%, de acordo com a pesquisa Quaest. Esse fator foi visto como algo positivo para o país pelo mercado financeiro, valorizando o real.
Troca na presidência do Banco Central gerou preocupação. Outra preocupação que o mercado externou em 2024 e que foi tida como um dos motivos para a valorização do dólar foi a mudança no comando do Banco Central. A saída de Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e bastante criticado por Lula, para a entrada de Gabriel Galípolo, que chegou a trabalhar no Ministério da Fazenda com Fernando Haddad, foi vista com desconfiança. No entanto, a postura de aumentar a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 13,25% ao ano, foi interpretada como um sinal de que o novo presidente do BC fará uma política monetária independente do presidente da República. Esse fator também contribuiu para a diminuição da percepção de risco.
O que esperar do dólar
Incertezas futuras. Não é possível prever se o dólar permanecerá caindo ou se voltará a subir novamente, como ocorreu no segundo semestre do ano passado. Isso porque não é possível prever, também, como serão as políticas adotadas por Trump nos Estados Unidos e nem como os outros países reagirão a elas.
Impacto de propostas no Brasil. No Brasil, há algumas propostas que serão analisadas pelo Congresso, como a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, que podem gerar desconfiança no mercado nacional e fazer com que o real se desvalorize novamente.