Em recuperação após ser submetido a uma cirurgia de emergência, na madrugada desta terça-feira (10), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dar um susto em seus familiares, amigos mais próximos e na equipe de ministros do governo. Segundo os médicos que o atendem neste momento, o estado de saúde de Lula é estável e o presidente não teve sequelas.
De acordo com os médicos, Lula passou por um procedimento chamado “trepanação” para drenar um hematoma intracraniano decorrente de uma queda sofrida em outubro, após ser levado ao hospital com queixas de fortes dores de cabeça.
No dia 19 de outubro, o petista sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, em Brasília (DF). De lá para cá, foram 52 dias até que Lula tivesse de ser submetido à cirurgia para a drenagem do hematoma.
Veja como foi a trajetória de Lula desde o acidente:
19 de outubro: queda no banheiro
Lula caiu no banheiro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Segundo relato do próprio Lula, ele estava sentando em um pequeno banco, para cortar as unhas do pé, quando o perdeu o equilíbrio, caiu e bateu a cabeça em uma quina – o que causou grande sangramento no local.
O acidente ocorreu em uma noite de sábado, quando Lula e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, se preparavam para uma viagem oficial à Rússia – eles haviam acabado de retornar de compromissos em São Paulo.
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Lula foi internado no Hospital Sírio-Libanês de Brasília e recebeu pontos na nuca. Ele voltou para o Alvorada e, no dia seguinte, teve de realizar novos exames. A viagem à Rússia foi cancelada, assim como compromissos que ele teria na Colômbia e no Azerbaijão. Lula também não pôde participar da reta final da campanha municipal em São Paulo.
21 de outubro: reunião no Alvorada
Lula passou os primeiros dias pós-acidente doméstico no Palácio da Alvorada, sem compromissos oficiais. Inicialmente, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência informou que o petista despacharia no Palácio do Planalto durante a semana, mas ele optou por permanecer no Alvorada. O presidente participou de uma reunião, no Alvorada, com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o ex-ministro Celso Amorim (assessor especial para Assuntos Internacionais).
25 de outubro: primeiro compromisso público
Seis dias depois do acidente doméstico, Lula participa de sua primeira agenda pública — uma reunião de assinatura de repactuação do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) relativo ao rompimento da barragem em Mariana (MG), em 2015. De acordo com o boletim médico divulgado pelo hospital naquela ocasião, o quadro de saúde do presidente era estável e ele estava “apto para exercer sua rotina de trabalho em Brasília”.
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27 de outubro: Bolsonaro fala em “acidente mandrake”
Rival político de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comenta o acidente doméstico sofrido pelo adversário. Em um ato político em Goiânia (GO), o ex-mandatário afirma que Lula teria sofrido um “acidente mandrake” para evitar um encontro com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, seu antigo aliado, durante o encontro dos Brics, na Rússia.
6 de novembro: “Achei que era muito mais grave”
No dia 6 de novembro, Lula comentou publicamente, pela primeira vez, o acidente no Alvorada e admitiu que chegou a pensar que se tratava de algo com maior gravidade.
“Eu caí de onde eu nunca deveria ter caído. Veja, eu cheguei às 16h30 no sábado, em casa, vindo de São Paulo e sentei para cortar a minha unha. Cortei minha unha, lixei minha unha, sentado em um banquinho que eu sempre sentei. E, atrás do banco em que estava sentado, tem o espelho, as gavetas onde guardam as coisas e uma hidromassagem, grande, de 1,5m de altura. Eu estava sentado”, relatou o presidente da República, em entrevista à RedeTV! que foi ao ar no dia 10.
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“Quando eu fui guardar o estojo, ao invés de mexer com o banco, eu mexi só com o corpo. O dado concreto é o seguinte: não teve mais espaço e aí a minha bunda não levitou. Então, eu caí e bati com a cabeça. Foi uma batida muito forte, saiu muito sangue, eu achei que tinha rachado o cérebro, rachado o casco”, prosseguiu Lula.
“Eu achei que era uma coisa muito mais grave. A batida mexeu com o cérebro e estou fazendo ressonância magnética a cada três dias. Agora vou fazer uma no domingo para ver se estou 100% curado”, afirmou.
O presidente relatou, ainda, que vinha “tomando muitos remédios para prevenção”. “Eu vou me cuidar até que os médicos digam: ‘você está apto outra vez’. Porque a batida na cabeça é sempre uma coisa muito delicada. Os médicos me dizem que é preciso [esperar] uns 15 dias, 20 dias, até 30 dias para saber os efeitos efetivamente que o tombo causou”, disse Lula. “Eu estou bem, estou trabalhando normalmente. Só posso dizer que a batida foi muito forte.”
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9 de dezembro: fortes dores de cabeça e hemorragia
Durante toda a última segunda-feira (9), Lula se queixou de dores de cabeça, e os sintomas pioraram à noite. Ele foi levado, então, ao Hospital Sírio-Libanês de Brasília, onde realizou uma série de exames. Logo em seguida, quando se detectou a necessidade de cirurgia de emergência, Lula foi transferido para a unidade do hospital em São Paulo (SP).
10 de dezembro: cirurgia de emergência
Após ser submetido a uma cirurgia de emergência para drenar o hematoma no cérebro, Lula foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sírio-Libanês, na capital paulista, onde permanece em observação. O procedimento cirúrgico foi bem sucedido, segundo os médicos.
A cirurgia consistiu na perfuração do crânio com orifícios pequenos a partir dos quais são introduzidos drenos ─ procedimento considerado comum em neurocirurgia e que, segundo a equipe médica, não envolve violação importante do crânio e normalmente tem um processo de cicatrização espontâneo.
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Inicialmente, a própria equipe médica havia informado, em boletim, que Lula passou por uma craniotomia. Os dois procedimentos são parecidos, mas o último se refere a aberturas maiores do crânio — portanto, é mais invasivo.
Em entrevista coletiva, o médico Roberto Kalil Filho, chefe da equipe responsável pelo procedimento, disse que o sangramento foi comprovado na ressonância magnética realizada em Brasília.