Consumidores lotam Brás e 25 de Março na reta final das compras de Natal

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As ruas estão lotadas na região da 25 de Março e no Brás, dois importantes polos do comércio popular, nesta sexta-feira (20), dia de pagamento da segunda parcela do 13º e reta final das compras de Natal. Pessoas de diferentes estados do Brasil se apressam para garantir as lembranças de fim de ano.

A expectativa dos lojistas é positiva, impulsionada por consumidores à procura de preços menores para presentear familiares e amigos neste Natal. A Folha percorreu lojas da 25, do Brás e do Bom Retiro. Roupas, utensílios e brinquedos foram os produtos mais citados pelos entrevistados.

A Alobrás (Associação de Lojistas do Brás) projeta um crescimento de 8% nas vendas do Brás em relação ao ano passado. Segundo o diretor da entidade, Lauro Pimenta, a popularização do bairro nas redes sociais e a diversificação dos produtos atraíram um público novo. "As vendas de utensílios e outros itens trouxeram um novo público. O Brás deixou de ser um comércio só têxtil para virar referência na compra de diversos produtos."

"Aqui está mais barato que na Shopee", anuncia a comerciante Aline Clara, 26, pelo microfone em uma loja da rua 25 de Março, um dos maiores centros de comércio popular do país. "A competição com a internet é grande, mas acho que este ano vamos vender bastante", diz.

A aposentada Evelin dos Santos, 72, é uma das consumidoras fiéis da 25 de Março. "Aqui é sempre mais barato. Se for para comprar no shopping, não dá para presentear ninguém", afirma, enquanto carrega sacolas com roupas e brinquedos para os netos.

O cabeleireiro Fábio Gonçalves, 39, frequenta o Brás há 15 anos para as compras de fim de ano e diz que, apesar do aumento nos preços, ainda vale a pena. "Aqui ainda dá para comprar. Nos shoppings, os produtos são quase os mesmos, mas bem mais caros", comenta. Ele também diz que o movimento no bairro neste ano está intenso. "Vim na semana passada e não dava para andar de tanta gente."

Para o presidente da Alobrás, Fauze Yunes, o diferencial da região vai além dos preços. "A alma do Brás é única. Não é só sobre o custo. Aqui você conversa, faz amizades e ainda barganha no balcão. Essa experiência já não existe em muitos lugares."

A manicure Ana Paula, 37, é outra que optou pelo comércio de rua neste ano. "Vi na internet dicas sobre os preços e os lugares secretos onde todo mundo compra. Neste ano, vou garantir os presentes daqui", diz.

No Bom Retiro, conhecido pelo comércio de rua especializado em produtos asiáticos, o movimento estava menor em comparação com outros polos.

A estudante de letras Ingrid Lima, 20, foi procurar para as irmãs, fãs da cultura sul-coreana. "Elas gostam muito de produtos da Coreia do Sul. Decidi comprar aqui porque é famoso por isso. Se fosse no shopping, pagaria mais caro pelos mesmos itens", diz.

Nos shoppings, consumidores contaram ter enxugado a lista de presenteados para driblar a alta de preços, priorizando alguns familiares. Claudia Fontes, 66, estudante de biomedicina, foi ao Shopping Metrô Santa Cruz, na zona sul de São Paulo, na quarta-feira (18) para comprar roupas para os netos. A ceia do dia 24 será o presente para os filhos, conta.

A administradora Lea de Moraes Dalla Rosa, 54, diz que encontrou preços menores na internet para itens de vestuário e cosméticos. Além disso, a falta de opção de produtos sustentáveis também foi um problema, principalmente com relação às roupas.

Na zona norte, outro extremo da cidade, o Shopping D também teve consumidores reduzindo a lista de compras por causa do preço. O assessor de imprensa Felipe Cruz, 34, diz que neste ano só a mãe a namorada ganharão presentes. Em 2023, a lista tinha bem mais contemplados.

Ele aproveitou o 13º para pagar o menor valor possível pelos produtos. "Pago à vista, no Pix. Aí, consigo descontos", afirma. Além dos presentes, Cruz também reclama da alta de preços para outros gastos comuns no final do ano. "As opções de lazer ficaram mais caras, como viagens", diz.

Levantamento do Reclame Aqui apontou que entre os entrevistados que disseram que não irão gastar com compras de Natal neste ano, 41,51% afirmaram que estão endividados ou que o orçamento está apertado.

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