O segredo pouco conhecido da renda fixa que pode transformar seu portfólio

há 16 horas 1

Se você tivesse a chance de investir em algo que combina segurança, retornos ajustados ao risco e eficiência tributária, mas fosse pouco conhecido e mal compreendido, você aproveitaria ou deixaria passar? Essa é a pergunta que muitos investidores enfrentam quando ouvem falar dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, os FIDCs. Ainda subestimados pelo mercado brasileiro, esses fundos carregam oportunidades únicas que podem transformar sua estratégia financeira, desde que você esteja disposto a entender como funcionam.

Para me ajudar a explicar essa estratégia, pedi auxilio ao Luiz Paulo Martins Bastos, sócio da Brave Asset, uma gestora fundada no final de 2019 e com mais de R$ 3,6 bilhões sob gestão. Com profissionais com vasta experiencia neste mercado, a Brave é uma das casas mais respeitadas quando o assunto é FIDCs.

Os FIDCs investem em recebíveis como duplicatas, notas ficais, notas promissórias, CCBs, entre outros, oferecendo uma alternativa conservadora para diversificação na renda fixa com retornos que frequentemente superam os de produtos mais convencionais. No entanto, por serem pouco familiares à maioria dos investidores, muitas vezes enfrentam resistência e uma percepção de risco desproporcional.

Conforme Bastos explica, escolher bons FIDCs não é algo simples. Exige experiência e bastante critério para selecionar os melhores fundos. E adiciona: "FIDCs, quando bem estruturados, podem ser mais conservadores que fundos de renda fixa tradicionais".

Isso pode ser atribuído a alguns fatores. Primeiro à estrutura do FIDC, que divide os cotistas em classes. A cota subordinada serve como colchão de proteção para as cotas seniores, absorvendo as eventuais inadimplências da carteira. Em termos simples, é como dirigir sabendo que sua jornada está protegida por várias camadas de segurança, garantindo que os impactos sejam mitigados. Portanto, as cotas seniores de FIDCs com boa subordinação tendem a ter elevada segurança.

Adicionalmente, FIDCs bem estruturados devem possuir uma pulverização significativamente da carteira de recebíveis. Desta maneira, problemas de crédito que possam afetar um segmento ou uma empresa em particular acabam tendo menor impacto em um FIDC.

Como consequência, as cotas seniores trazem uma menor volatilidade para o investidor, diferentemente do que ocorre com títulos de crédito privado ou fundos que investem nestes ativos, que são mais facilmente afetados pela oscilação do spread de crédito. Por exemplo: nos seus 5 anos de existência, o fundo Brave 90 FIC FIDC (carro chefe da gestora e com um patrimônio de quase R$ 1 bilhão) nunca apresentou um mês sequer com retorno abaixo de 115% do CDI.

Outro ponto que diferencia os FIDCs de fundos de renda fixa é a ausência do come-cotas. Enquanto outros fundos deduzem, semestralmente, uma fração do patrimônio como antecipação de imposto, os FIDCs permitem que o capital cresça livremente, com o imposto sendo cobrado apenas no resgate. Essa vantagem compõe uma diferença significativa no longo prazo. Em 30 anos, a ausência do come-cotas pode levar a um patrimônio até 30% maior, mesmo com retornos brutos semelhantes.

Além disso, os FIDCs oferecem diversificação setorial, com exposição a áreas como saúde, educação, agronegócio, infraestrutura entre outros. Essa característica permite que o investidor dilua riscos associados a flutuações econômicas específicas. Porém, o sucesso depende de uma gestão ativa, criteriosa e de análise rigorosa de crédito, que assegure a qualidade dos recebíveis no portfólio.

Por fim, Bastos explica mais uma vantagem dos FIDCs. Ao contrário de títulos de crédito privado que possuem prazos longos, as carteiras dos FIDCs, na sua grande maioria, são de curto prazo e revolventes. Isso possibilita ao gestor adaptar o fundo de maneira ágil, conforme a situação financeira da empresa ou do seu setor econômico em que atua, além de adequar as taxas de cessão dessas carteiras ao cenário de juros do momento.

Ainda assim, por que tantos hesitam em considerar os FIDCs? A resposta está, em parte, no desconhecimento. No Brasil, o investidor médio está mais habituado a produtos como títulos públicos, CDBs ou o crédito privado. Essa falta de familiaridade impede que os FIDCs sejam avaliados de forma justa, muitas vezes ignorando sua capacidade de proteção e eficiência.

No fim das contas, os FIDCs não são para quem busca atalhos ou soluções mágicas. Eles são para aqueles que entendem que a segurança e o retorno caminham lado a lado com o planejamento. Explorar essa classe de ativos pode ser uma decisão estratégica, que alia inovação à solidez, permitindo um portfólio mais robusto e resiliente. Afinal, investir não é apenas sobre o que se conhece bem, mas sobre descobrir o que realmente faz sentido para o seu futuro.

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