Como a GM fez do Corsa um sucesso mundial sem querer

há 2 meses 12

Pode não parecer, mas já existem Chevrolet Corsas rodando no Brasil com placa preta. O popular modelo, lançado em 1994 pela marca no país, marcou época com seu design arredondado, bom acabamento, injeção eletrônica e outros itens que se destacavam em um segmento que ainda contava com concorrentes como Volkswagen Fusca e Lada Laika.

O sucesso foi tanto que, em março daquele ano, a Chevrolet se viu obrigada a ir à rede nacional para pedir aos consumidores que não pagassem ágio no lançamento. Em um comercial da época, o então vice-presidente da marca, André Beer, dirigia-se ao público com um apelo: "Não se precipite, ajude-nos a manter justo o preço do Corsa".

Com o passar dos anos, o Corsa B deu origem a uma família completa de derivados, incluindo esportivos (como o GSi e o cupê Tigra), além de perua, picape, hatch de quatro portas e sedã, que teve longa vida em nosso mercado sendo chamado ainda de Classic.

Em 2000, diante da necessidade de um carro ainda mais acessível que o Corsa, a GM lançou o Celta – cuja história você pode ler aqui – e, pouco depois, começou a deixar o modelo de lado em prol da nova geração do Corsa, que chegaria em 2002.

Chevrolet Tigra

Chevrolet Tigra era ''cupê acessível'' baseado no Corsa

Chevrolet Corsa GSi 1994

Chevrolet Corsa GSi chegou importado e causou dor de cabeça a VW Gol GTI e Ford Escort XR3

Classic durou até 2016

Foto de: Carswp

Classic durou até 2016 e viu seus sucessores serem aposentados primeiro 

Embora já não fosse novidade, o único derivado do Corsa B que sobreviveu à virada dos anos 2000, o Classic, continuou vendendo como pão quente. Durante anos, manteve-se como um dos carros mais baratos do Brasil, enquanto seus sucessores foram aposentados antes dele.

Foi o caso do primeiro Prisma, derivado do Celta, e do Corsa C sedã, que saíram de linha em 2012, enquanto o Classic seguiu firme até meados de 2016.

No México, Corsa B foi lançado como Chevrolet Chevy

Foto de: Thomas Tironi

No México, Corsa B foi lançado como Chevrolet Chevy

Carreira do Corsa B também foi longa em outros mercados

Embora, na Europa, a segunda geração do Corsa hatch tenha tido um ciclo de vida relativamente comum para um modelo de sua categoria — cerca de sete anos —, em outros mercados, o compacto sobreviveu por muito mais tempo, graças às suas qualidades técnicas e à robustez mecânica, típicas de um bom hatch europeu da época.

No México, o modelo chegou em 1995 ainda importado do Velho Continente e com um nome curioso: Chevrolet Chevy. Ironia do destino, a palavra Chevy é justamente a forma como os modelos da Chevrolet são referidos em países de língua inglesa, principalmente na América do Norte. O sucesso foi tanto que sua produção local começou no mesmo ano. Com o tempo, ganhou novas variantes, como o sedã — batizado de Chevrolet Monza — e o hatch de quatro portas, chamado de Chevrolet Swing.

1ª facelift mexicano tinha influência Opel e apelido C2

Foto de: Thomas Tironi

1ª facelift mexicano tinha influência Opel e apelido C2

Diferentemente do Brasil, onde o Celta foi lançado como um sucessor de baixo custo do Corsa B, o pequeno Chevy continuou recebendo atualizações ao longo dos anos. A primeira delas, chamada C2, modernizou o modelo, aproximando-o dos Opel da época. A atualização incluiu um interior renovado, com elementos visuais mais modernos, ainda que o projeto já começasse a dar sinais de idade. Na motorização, havia duas opções: motor 1.4 de 52 cv e 1.6 de 78 cv.

Interior era mescla de estilos do Corsa C e B

Foto de: Thomas Tironi

Interior era mescla de estilos do Corsa C e B

Na parte externa, o Chevy C2 hatchback passou a ter a placa fixada no para-choque, assim como o sedã Monza. Seus faróis deixaram de ser redondos e adotaram um formato em gota, enquanto as lanternas traseiras passaram a incorporar elementos circulares. Além disso, com o tempo, o modelo ganhou a opção de câmbio automático de quatro marchas, sempre associado ao motor 1.6.

A grande polêmica veio em 2009, com a chegada da segunda reestilização. Na época, a Chevrolet adotava um novo padrão de design, criado por Carlos Barba, e o pequeno Corsa mexicano não ficou de fora. O modelo perdeu os elementos circulares característicos e passou a ostentar uma grade frontal de grandes dimensões, acompanhada por faróis remodelados.

2º facelift, de 2009, deixou carro desproporcional, com grade vinda de modelos americanos

Foto de: Thomas Tironi

2º facelift, de 2009, deixou carro desproporcional, com grade vinda de modelos americanos

Sua grade exagerada remetia a modelos bem maiores, como o Chevrolet Malibu da época, e destoava completamente do chassi europeu arredondado dos anos 90, que permanecia o mesmo. A última atualização durou até meados de 2010, quando o Chevy foi aposentado e substituído por compactos mais modernos, como o Aveo e o Sonic.

Outro país onde o Corsa teve grande presença foi a Argentina, onde o compacto continuou sendo vendido lado a lado com o Suzuki Fun, versão da japonesa para o Celta que era importada do Brasil. Por lá, o Corsa B seguiu no mercado sob o nome Classic, com versões hatch de duas portas e até perua, que permaneceu em produção até 2012. Curiosamente, a perua recebeu até mesmo o último facelift aplicado ao modelo no Brasil antes de sua aposentadoria.

Com o Celta sendo vendido como Suzuki, Corsa hatch teve versão Classic com nova frente

Foto de: Thomas Tironi

Com o Celta sendo vendido como Suzuki, Corsa hatch teve versão Classic com nova frente

Classic Wagon Argentina ganhou nova dianteira e foi até 2012

Foto de: Thomas Tironi

Classic Wagon Argentina ganhou nova dianteira e foi até 2012

Visualmente, as mudanças nos dois derivados argentinos foram discretas. O Classic Hatch adotou a grade frontal com o logotipo da Chevrolet no padrão de 2009, enquanto a Corsa Wagon, em 2010, ganhou um novo para-choque traseiro e lanternas com conjunto óptico atualizado. Seus motores eram principalmente o 1.4 VHC a gasolina.

Apesar do visual modernizado, a perua teve vida curta, sendo descontinuada em 2012. Já o Corsa Classic Hatch foi substituído pelo Celta em 2011, após o fim da parceria da Chevrolet com a Suzuki.

Na China, Corsa foi vendido como Buick Sail

Foto de: Thomas Tironi

Na China, Corsa foi vendido como Buick Sail

Corsa já foi até Buick 

Mas o derivado mais curioso do Corsa veio do outro lado do mundo, mais especificamente da China. Produzido pela joint-venture Shanghai-GM entre 2001 e 2004 como Buick — sim, a marca de luxo da General Motors — e, a partir de 2005, como Chevrolet, o Corsa chinês chegou ao país com um propósito bem específico: transformar a Buick em uma marca de volume em um mercado em plena expansão, que ainda não contava com a enorme variedade de fabricantes de hoje.

Modelo era ligeiramente mais refinado, com acabamento claro, opção de cãmbio automático e itens pouco comuns em sua categoria

Foto de: Thomas Tironi

Modelo era ligeiramente mais refinado, com acabamento claro, opção de câmbio automático e itens pouco comuns em sua categoria

Com o tempo, o modelo provou ser um verdadeiro sucesso, especialmente entre os consumidores mais jovens. Estava disponível na versão sedã, chamada Sail, e como perua, batizada de Sail S-RV.

Em 2005, ao ser rebatizado como Chevrolet, o modelo recebeu um redesenho que, mais tarde, também chegaria ao Classic brasileiro. Na motorização, utilizava um motor 1.6, inicialmente disponível apenas com câmbio manual, mas que, posteriormente, passou a contar com a opção de câmbio automático de quatro marchas.

O nome Sail fez tanto sucesso na China que, em 2010, a GM criou uma linha própria de compactos com essa nomenclatura, que, ao longo dos anos, começou a ser exportada para diversos mercados ao redor do mundo.

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